Tebet pode “ser o inferno” de Haddad na disputa diária pela “linha econômica”, teria dito uma fonte do PT

Defensora das privatizações, competição pode existir entre ela e o ministro da Economia, caso ela assuma o Ministério do Planejamento

“A Simone [Tebet (MDB-MS)] pode ser o inferno do Fernando [Haddad (PT)]. Pode disputar a linha econômica todo dia”, disse uma das fontes do Partido dos Trabalhadores, nesta terça-feira (27/12), referindo-se a possível disputa sobre a linha econômica a ser seguida com a dobradinha da liberal no Planejamento e do mais alinhado à esquerda na Fazenda, diz a âncora da CNN, Daniela Lima.

A senadora abrirá mão do controle dos bancos públicos, desde que a iniciativa seja transferida para a pasta que deve aceitar do Presidente eleito Lula (PT). Mas ela é densora de privatizações e isso se tornou obstáculo para que o PT aceite transferir o bilionário PPI (Programa de Parceria e InvestimentosI) para o Ministério do Planejamento, pois Tebet teve programa de campanha com pontos-chave diferentes dos defendidos pela Transição.

Enquanto a senadora defende a realização no primeiro biênio a privatização das Companhias Docas, cujos portos de Santos, Bahia e Pará já integram a carteira do PPI para serem privatizados, a Transição de governo tem visão oposta. Além disso, o futuro ministro dos Portos e Aeroportos, Marcio França, já se posicionou contrário à privatização em alinhamento com uma posição defendida pelo Grupo de Trabalho.

O programa de Tebet também previa uma nova rodada de concessões com a inclusão de grandes aeroportos como Galeão (GIG) e Santos Dumont (SDU), mas a equipe de Lula sinalizou que pararia para estudar melhor. A senadora também defendeu a aceleração de leilões de saneamento e o PT deixou claro ter ressalvas ao novo marco legal e não descarta revê-lo.

Segundo a Reuters, Haddad disse na segunda-feira (26/12) que a senadora é qualificada e não haveria dificuldade em relação a seu nome para eventual indicação ao Ministério do Planejamento. O futuro ministro da Fazenda afirmou em entrevista a jornalistas que, com surgimento do nome de Simone Tebet nos últimos dias, tudo mudou.

A Simone é uma política muito qualificada, é uma pessoa que sabe trabalhar em equipe, uma pessoa que estava concorrendo à Presidência da República, tem muita respeitabilidade. Eu não vejo nenhuma dificuldade em relação a isso.” Ele acrescentou que o economista André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real e membro da transição de governo, declinou da possibilidade de assumir a pasta, dizendo a Lula que não tinha intenção de participar do governo. No final de semana, Lula ofereceu a Tebet o Planejamento.

Contudo, de acordo com o Estadão, Haddad tem proposta de trabalhar em conjunto com Tebet no programa de revisão de gastos, chamado pelos economistas pela sigla em inglês de “spending review”.

Haddad pretende ter um arcabouço fiscal que tenha uma regra que avalie não só quantitativamente o gasto, mas também a sua qualidade, para identificar se as políticas públicas atuais estão dando os resultados esperados ou se é melhor revisá-las e direcionar os recursos para financiar outras despesas. O plano passa por uma revisão das projeções de receitas de 2023, que estão subestimadas. O futuro ministro quer apresentar o plano de ajuste fiscal nos primeiros dias de janeiro.

Tivemos um cenário do meio do ano para cá muito preocupante, que tem de ser enfrentado”, disse Haddad, que já acenou que vai antecipar a apresentação do projeto com o compromisso de escutar vários economistas sobre o modelo antes de enviar ao Congresso. A intenção é construir um modelo de consenso com uma nova regra para substituir o teto de gastos, previsibilidade para a trajetória de despesas em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) e qualidade da avaliação periódica das políticas públicas. Uma fonte do governo de transição disse que em muitos casos não dá para pensar em separado da reforma tributária que será apresentada pelo novo governo.

Um dos primeiros testes será a definição sobre o fim da desoneração dos impostos federais incidentes sobre combustíveis. Há consenso na equipe de Haddad que não faz sentido continuar subsidiando o preço dos combustíveis fósseis. A questão em discussão é a velocidade de desmonte no ano que vem desses subsídios criados pelo governo Bolsonaro. A decisão vai levar em consideração o preço do petróleo no mercado internacional e do câmbio.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva descartou a proposta de o governo atual editar uma proposta para prorrogar por mais um mês a desoneração, que termina oficialmente neste sábado, 31.

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2 comentários em “Tebet pode “ser o inferno” de Haddad na disputa diária pela “linha econômica”, teria dito uma fonte do PT”

  1. Sebastião L Machy

    O amor à causa “Brasil” do futuro, país justo e de todos, é o que deve ser Lula na presidência do Brasil. Nosso será respeitado novamente pelo mundo.

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