“Será que não aprendemos com a 1ª e a 2ª Guerra?”, diz Lula ao El País, pela paz entre Rússia e Ucrânia

“Quanto mais paz tivermos, mais produtivo será o mundo e mais justo”, disse o Presidente a Pepa Bueno, que escreveu: “O Brasil voltou ao mundo” – Destaque na seção Internacional, Lula “garante ao EL PAÍS de Madri que o acordo é possível”, destaca o periódico nesta quinta-feira (27)

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi entrevistado, na Espanha, pelo periódico ‘El País‘, que colocou no ar, nesta quinta-feira (27/4), declarações que colocam o Brasil de volta ao diálogo internacional. O tema não poderia deixar de ser a guerra entre Rússia e Ucrânia, que já duram mais de um ano. As tropas russas invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022.

Lula também defendeu que um acordo entre os líderes Vladimir Vladimirovitch Putin e Volodymyr Olexandrovytch Zelensky é possível: “Por isso tento fazer a minha parte“, afirma o estadista aos jornalistas do ‘El País‘. Além da paz, o Presidente também abordou temas como “cooperação, desenvolvimento e combate à fome e às mudanças climáticas“.

A jornalista Pepa Bueno, do El País, escreve, logo no início de seu texto no periódico espanhol: “O Brasil voltou ao mundo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Caetés, Pernambuco, 77 anos) encarna esse retorno disposto a nada menos que a liderar a busca pela paz na guerra que sangrou a Ucrânia, desde que Vladimir Putin decidiu invadir o país, causando repercussão mundial. Lula fala impetuosamente, mas busca com cuidado palavras que não estraguem suas chances de mediador. Ambiguidades e equilíbrios causaram irritação em algumas chancelarias nas últimas semanas“.

A entrevista com Lula é precedida por comentários de Pepa Bueno, que lembra também que “o ex-presidente Jair Bolsonaro depôs perante a polícia como suposto mandante do ataque golpista ocorrido uma semana após o veterano sindicalista ter assumido novamente a presidência. Lula alerta para o crescimento da extrema-direita em todo o mundo e estabelece como objetivo deste terceiro mandato a geração de emprego de qualidade e uma nova relação entre capital e trabalho. Ele me convoca para verificar, ao final de seu mandato, como terão melhorado os dados de desmatamento na Amazônia“.

Diante da polêmica dos últimos dias, gerada por falas do Presidente, bem como pelo fato de que a Espanha envia armas para a Ucrânia, Pepa faz uma pergunta ‘espetando’ o estadista internacional que lidera uma iniciativa em busca da paz: “O que os outros países devem fazer quando um país é invadido e a vítima pede ajuda, sentar ou ajudar a vítima?

A resposta de Lula teve um trecho impactante: “Já temos uma guerra contra a extrema direita no mundo, o fascismo voltou, o nazismo voltou. Não podemos ter uma guerra na Europa novamente. Será que não aprendemos com a Primeira Guerra Mundial, com a Segunda? Quanto mais paz tivermos, mais produtivo será o mundo e mais justo“.

“…ninguém fala de paz, só eu. Fui falar com [o presidente dos Estados Unidos, Joe] Biden, com [o chanceler da Alemanha, Olaff] Scholz, com [o presidente da República Popular da China,] Xi Jinping, com [o presidente da França, Emmanuel] Macron. É preciso se encontrar para acabar com esse conflito. E isso só pode ser feito se dois negociarem em uma mesa. É o que eu defendo”, afirmou Lula.

Na Europa existe um patrimônio da humanidade, que é a União Europeia. Acho que a Europa tem um papel mediador, deveria adotar uma espécie de meio termo. A Europa se envolveu muito rapidamente. Por isso é importante procurar líderes que queiram falar de paz. A China pode participar, o México, a Indonésia… Os países que ainda não estão direta ou indiretamente envolvidos e os que são solidários com a Ucrânia porque são contra a ocupação territorial da Rússia devem ser envolvidos. Devemos unir todos esses países“, pontuou o líder brasileiro, na resposta à jornalista.

Na sequência, a jornalista do ‘El País‘ demonstra que é a favor do envio de armas para a Ucrânia se defender da Rússia e diz, com uma pergunta, que enquanto se compartilha a busca pela paz não se pode deixar os ucranianos sozinhos sem dar-lhes apoio enquanto Putin os bombardeia”. Então, Lula, habilidosamente, responde que o chanceler alemão foi ao Brasil e pediu “para enviar mísseis de tanques comprados da Alemanha para a guerra” e que ele “disse a Scholz que não ia vendê-los porque se um míssil for lançado e a Rússia descobrir que o Brasil o vendeu, o Brasil entra na guerra. E quando você entra, não pode falar de paz“.

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