Fátimas de Bolsonaro: as vidas que realmente importam

ET URBS MAGNA – “Você pode ter certeza que você fala por milhares de pessoas“, respondeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à professora que parou para falar com ele na saída do Palácio da Alvorada, na quinta-feira (02/04). No “depoimento comovente”, como o presidente define em seu microblog Twitter, a professora teria pedido “o fim do isolamento social” por entender que a medida afetava a economia do lar. Além disso, ela teria dito “não quero que o governo banque nossa vida, isso é para vagabundo”. Ela ainda pediu para o presidente colocar ‘o Exército nas ruas’ e abrir o comércio.

Esse depoimento, além de ir na contramão do que as autoridades do próprio governo e da Organização Mundial da Saúde pedem, não passou de um discurso criminoso que atenta contra a saúde pública e não representa “a fala de milhares de pessoas”.

“Além de crime contra a saúde pública, o ato de desobedecer a ordem legal de funcionário público, como regras relativas à quarentena ou fechamento de estabelecimento, pode, de maneira mais genérica, configurar crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal e punido com pena de detenção, de 15 dias a dois anos”, conforme relatam autoridades públicas (leia aqui).

Após o discurso ao presidente, a professora foi desmascarada por um internauta em outra rede social: “Fátima Montenegro é empresária e teria mentido sobre ser professora em apuro financeiro” (leia aqui). Suas contas nas redes sociais foram encerradas, por ela mesma, por causa das intimidações, conforme entrevista concedida à Folha de São Paulo (leia aqui).

“Destruíram minha vida por causa de um vídeo”, desabafa a empresária à FSP.

A FSP apurou as empresas de Fátima Dantas Montenegro e apontou que “nos registros da Receita Federal, ela consta como sócia de duas microempresas, a ABZ Curso de Caligrafia, aberta em 1997, e a Fatima Montenegro Curso de Caligrafia, de 2010. Ambas constam como inaptas por “omissão de declarações”.

Além da mentira pega, o que impressiona é o discurso baseado no ódio e nos pretextos de ‘gente de bem’ como se os desempregados e desemparados fossem a escória da sociedade por precisarem da mísera esmola de R$ 600,00 que o governo ainda não liberou para saque.

Milhares de Fatimas, que fazem discurso de ódio, existem para o Jair Bolsonaro. E não só existem como o apoiam.

Fatimas que proclamam aos ventos das redes sociais que não vão pagar seus impostos para alimentarem “vagabundos que precisam do dinheiro do governo” é verborragia desde a implantação do Bolsa Família.

Para tantas Fatimas enraizadas na sociedade os necessitados são pessoas indecorosas, vergonhosas e condenáveis. Porque as Fatimas, e só as Fatimas, foram afetadas por essas medidas de isolamento social. Só as Fatimas têm contas a pagar. Só as Fatimas são ‘pessoas de bem’, ‘honestas’ e ‘merecedoras’ de arcar com suas responsabilidades.

E para manter as contas das Fatimas em dia, em ordem, para manter a fachada dos que reinam imponentes e soberanos, outras vidas não importam.


Assista a dois vídeos da verdadeira Fátima de Bolsonaro:


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