Deltan, o do ‘espetáculo grotesco’, hoje ‘faz chacota da Justiça’, diz Azevedo sobre a corrupção de Moro e seu ‘pupilo’

O ex-procurador tentou justificar ao chefe a patuscada do PowerPoint e explicou que apelou àquele troço para imputar a LULA um crime que servia a fins propagandísticos apenas

Por 4 votos a 1, o tribunal decidiu que o ex-procurador tem de pagar ao ex-presidente Lula multa de R$ 75 mil, valor que ainda será corrigido, numa ação por danos morais“, lembra Reinaldo Azevedo, na noite desta quinta-feira (24/3), na Folha de S. Paulo.

O espetáculo grotesco do PowerPoint, no dia 14 de setembro de 2016, destroçava o devido processo legal“, argumenta o jornalista.

O agora pré-candidato a deputado federal está indignado e já anunciou uma suposta vaquinha espontânea na internet, que teria arrecadado quase o dobro desse valor“, afirma Reinaldo, com doses de incredulidade.

Faz chacota da Justiça“, garante.

Dois dias depois” da inacreditável apresentação que as redes sociais dizem “nem sua mãe acreditou”, Dallagnol “foi ao Telegram para bater um papinho com Sergio Moro, seu chapa e juiz incompetente e suspeito“, afirma o jornalista com base nas revelações da série de reportagens do The Intercept Brasil, denominada Vaza Jato,

O ex-juiz “sabia que a peça acusatória era inepta“. Deltan reconsiderou:

Deltan Dallagnol – Como a prova é indireta, ‘juristas’ como Lenio Streck e Reinaldo Azevedo falam de falta de provas. Creio que isso vai passar só quando eventualmente a página for virada para a próxima fase, com o eventual recebimento da denúncia, em que talvez caiba, se entender pertinente no contexto da decisão, abordar esses pontos.

Para quem não entendeu: ele estava tentando justificar, diante do chefe, a patuscada do PowerPoint. E explica que apelou àquele troço para imputar a Lula um crime que servia a fins propagandísticos apenas. Com despudor peculiar, expõe:

Deltan Dallagnol – Não foi compreendido que a longa exposição sobre o comando do esquema era necessária para imputar a corrupção para o ex-presidente. Muita gente não compreendeu por que colocamos ele como líder para imputar 3,7MM [R$ 3,7 milhões] de lavagem, quando não foi por isso, e sim para imputar 87MM [R$ 87 milhões] de corrupção.

“Bingo!”, exclama Reinaldo Azevedo. “Embora a denúncia oficial se referisse ao apartamento, o objetivo era “imputar R$ 87 milhões de corrupção” a Lula, tratado na coletiva como “comandante máximo do esquema de corrupção” e “maestro da organização criminosa“, escreve. “Eo próprio Moro admitiu em embargos de declaração inexistir nexo entre as obras da OAS e o tríplex de Guarujá, o que significa ausência de provas”, explica.

O jornalista enfatiza que a “acusação de que o petista comandava uma organização criminosa virou uma ação penal, senhores leitores!“.

Tramitou na 10ª Vara Federal de Brasília. O ex-presidente foi absolvido pelo juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, que apontou uma “tentativa de criminalizar a política”, lembra o jornalista.

Saibam“, destaca Azevedo: “o Ministério Público Federal nem sequer recorreu. Ah, sim: Moro deu a maior força àquele que é agora seu colega de partido”, lembra o jornalista, transcrevendo, em seguida, a fala do ex-juiz: “Definitivamente, as críticas à exposição de vcs são desproporcionais. Siga firme“, disse Moro.

O então juiz [Moro] atendeu ao pedido de seu pupilo [Dallagnol]: ao condenar LULA, ignorou a peça acusatória inepta e se fixou no… PowerPoint! Uma aberração”, diz Reinaldo Azevedo.

Prisões preventivas a perder de vista, conduções coercitivas ilegais, mandados de busca e apreensão despropositados, criminalização de doações legais de campanha… Era o terror jurídico a tratar as garantias do devido processo legal como conivência com corruptos. Moro, Dallagnol e outros subiram na vida, mas a indústria de construção pesada no Brasil quebrou, destruindo milhares de empregos“, explica o jornalista.

“Mas e a corrupção?” “Vejam o Ministério da Educação, transformado num verdadeiro templo de vendilhões. Os mistificadores querem convencer os tolos —com algum sucesso, posto que tolos— que a lama de dimensões bíblicas em que se afunda o governo Bolsonaro, ao qual Moro serviu, decorre do que chamam “desmanche” da Lava Jato“.

“Não!”, exclama Reinaldo. “A Lava Jato é que desmanchou algumas defesas que tinha o sistema político, tornando-o poroso a certo tipo de pistolagem que a operação, em vez de combater, promoveu, a exemplo dos “justiceiros” das redes sociais que se fizeram políticos. Não é mesmo, Moro? Não é mesmo, Dallagnol?“, diz Reinaldo.

Que a imprensa profissional nunca mais abandone a Justiça em benefício de justiceiros. O “jurista” Reinaldo Azevedo segue atento“, pontua.

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