Bolsonaristas faturam nas redes semeando dúvidas sobre as urnas e as pesquisas de intenção de voto

O presidente Jair Bolsonaro conversa com apoiadores no chamado “cercadinho” em frente ao Palácio do Alvorada | Ao fundo, painel com ministros das Cortes superiores, que integram o Poder Judiciáro | Sobreposição de imagens

Militância já faturou até R$ 1 milhão com fake news com base em argumentos de Bolsonaro sobre o processo eleitoral, mostra levantamento

Levantamento do Globo, Novelo Data e Bites mostra que canais alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) faturaram até R$ 1 milhão com a reprodução de 1.960 vídeos no YouTube, que renderam 57,9 milhões de visualizações desde 2018, quando foram postados três dos conteúdos mais populares. Após a posse, a circulação aumentou, especialmente em 2020, ano das eleições municipais. 

Em 2021, foram 1.212 vídeos catapultados pela proposta do voto impresso, que acabou derrotada na Câmara. E só neste ano de 2022, até a última quinta-feira (26/5) havia 128 mídias nos canais sobre desconfiança nas eleições.

Estratégia é lançar suspeitas sobre o sistema eleitoral e também nas pesquisas de intenção de voto. Bolsonaristas argumentam que os dados são fraudados e corroboram falsa vitória do oponente do presidente, no caso LULA.

Teses buscam descontextualizar o noticiário sobre garantias de segurança dadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) às urnas eletrônicas, quando nunca houve fraudes desde que os equipamentos foram implantados.

Um dos influenciadores difamadores da Justiça é Gustavo Gayer – pré-candidato a deputado federal em Goiás pelo PL, que tem 916 mil inscritos no YouTube e alcançou mais de 1,3 milhão de visualizações em um vídeo intitulado “Transformando o Brasil em Cuba”, sobre fraude eleitoral pró-Lula. Segundo o jornal, a mídia é a terceira mais acessada nos chats de extrema-direita e mostra áudio atribuído ao ex-deputado federal e advogado João Fontes, que foi expulso do PT em 2003, discorrendo sobre sua possível volta ao partido e ao poder por fraude eleitoral.

Outras de suas publicações fake têm títulos como “Campanha contra o voto impresso: Barroso dá 3 milhões para empresa investigada na Lava-Jato” e “Vídeo mostra que a maioria do Brasil não confia nas urnas eletrônicas”, quando, no primeiro, o valor está errado e a vencedora da licitação não é investigada. No segundo, pesquisas seguidas do Datafolha mostram que mais de 70% da população confia no atual modelo.

Outro disseminador de mentiras, segundo a pesquisa, é o pré-candidato a deputado federal por São Paulo, Fernando Lisboa (PL), do canal Vlog do Lisboa, que tem 785 mil inscritos que já assistiram intitulados “Bolsonaro diz que é quase impossível não ter fraude na urna eletrônica – Lula tenta outra tática” e “Generais citam risco de fraude com Lula e defendem o voto impresso auditável”.

Mais dois espalhadores de dúvidas são os pré-candidatos pelo PMB de São Paulo, Paulo Eneas, do Crítica Nacional, e Roberto Boni, cover do cantor Roberto Carlos, do Universo no YouTube, que tem 479 mil inscritos.

Portanto, notícias falsas e teses conspiratórias sobre o processo eleitoral permitiram que bolsonaristas ganhassem rios de dinheiro em seus canais.

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