Oposto de Temer e Bolsonaro, que não conseguiram acompanhar a expansão do PIB do planeta, o estadista chegou à sua terceira gestão mais experiente: Em março, Lula já contestava as previsões feitas pelo FMI, de 0,9% para o PIB brasileiro. Agora, a ONU prevê 3,3% em 2023
Sob o terceiro governo do Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a economia brasileira crescerá acima da média mundial até o final deste ano de 2023, após um período entre 2015 e 2022, quando os antecessores do estadista no Planalto eram os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), que não conseguiram acompanha a expansão do PIB do planeta.
De acordo com um informe da Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), sobre a situação internacional, publicado nesta quarta-feira (4/10), a taxa de crescimento do PIB nacional será de 3,3% neste ano.
Em comparação a sua projeção inicial, a ONU admite que o Brasil terá uma melhora substancial. A revisão no caso brasileiro, em relação às estimativas apresentadas no início do ano, foi de um aumento de 2,4 pontos percentuais, a maior elevação entre todas as principais economias, publicou o jornalista Jamil Chade, no ‘UOL‘.
Lula chegou à sua terceira gestão mais experiente: Em março, o estadista já contestava as previsões feitas pelo FMI, de tão somente 0,9% para o PIB brasileiro. Elas foram publicadas ‘orgulhosamente’ pelo jornal ‘O Estado de São Paulo‘, mas agora a ONU prevê 3,3% em 2023.
Em 11 de abril, o Fundo Monetário Internacional revisou negativamente a projeção de crescimento do País sob o governo Lula e o jornalão falou em “relevante desaceleração em relação ao ano passado, quando a economia brasileira cresceu 2,9%“, sob Bolsonaro.
Quatro meses depois, no primeiro dia do mês de agosto, o estadista afirmou em suas redes sociais que “o FMI vai errar as previsões, porque o país vai crescer mais do que eles tinham previsto“.
“O mundo vai se surpreender com o Brasil“, disse Lula, na ocasião. “Nós vamos colher muita coisa no nosso país porque estamos plantando muitas coisas boas. O Brasil vai voltar a crescer e a vida vai melhorar“.
Veja abaixo e leia mais depois:
O mundo vai se surpreender com o Brasil. O FMI vai errar as previsões, porque o país vai crescer mais do que eles tinham previsto. Nós vamos colher muita coisa no nosso país porque estamos plantando muitas coisas boas. O Brasil vai voltar a crescer e a vida vai melhorar.
— Lula (@LulaOficial) August 1, 2023
O mundo na contramão do Brasil
O desempenho da economia brasileira se descola da previsão de um crescimento baixo na economia mundial. Rebeca Grynspan, secretária-geral da Unctad, alertou nesta manhã que a economia mundial sofre uma desaceleração, passando de 3% em 2022 para 2,4% em 2023, e com poucos sinais de retomada em 2024.
Em sua visão, há uma estagnação perigosa da economia mundial, com vários episódios de recessão. Para a agência da ONU, são necessárias reformas institucionais da arquitetura financeira global, políticas mais pragmáticas para combater a inflação, a desigualdade e a dívida soberana, bem como uma supervisão mais forte dos principais mercados.
“É necessária uma mudança na direção das políticas, inclusive por parte dos principais bancos centrais, e o acompanhamento das reformas institucionais prometidas durante a crise da covid-19 para evitar uma década perdida”, defendeu.
Na avaliação da agência, a “economia global está em uma encruzilhada, na qual caminhos de crescimento divergentes, desigualdades cada vez maiores, concentração crescente do mercado e cargas crescentes de dívidas lançam sombras sobre seu futuro”.
No contexto de um crescimento mais lento e da ausência de coordenação de políticas, essa divergência gera preocupações sobre o caminho a seguir pela economia global.
Globalmente, a recuperação pós-pandemia é divergente. “Embora algumas economias, incluindo Brasil, China, Índia, Japão, México, Rússia e Estados Unidos, tenham demonstrado resiliência em 2023, outras enfrentam desafios mais formidáveis”, aponta.
De fato, a média brasileira supera as previsões para a América Latina, de 2,3% e se aproxima da média dos emergentes e asiáticos, de 3,9%.Continua após a publicidade
O crescimento também é maior que a taxa de expansão de apenas 0,4% na UE ou 2% nos EUA.
De acordo com a ONU, essa é a situação nacional:
No Brasil, a expansão das exportações de commodities e as colheitas abundantes estão impulsionando um aumento no crescimento, de 2,9% em 2022 para 3,3% em 2023. Entretanto, as forças negativas da demanda que pesam sobre o crescimento incluem os impactos tardios do aperto monetário, que começou no final de 2021 e que elevou a taxa de juros de curto prazo do real brasileiro para 9% no início deste ano.
Isso se soma ao aumento da dívida privada, especialmente das famílias, durante a crise da covid-19. Uma expansão fiscal significativa em 2023 deve compensar essas forças recessivas, mas o impulso fiscal para 2024, embora ainda sujeito a negociações políticas, deve se tornar negativo, reduzindo o crescimento do PIB para menos de 3%.
De fato, no caso brasileiro, a projeção da ONU para 2024 é de que a economia nacional viva uma expansão de 2,3%, abaixo de novo da média mundial de 2,5%.
Para 2023, essas são as previsões da ONU para as maiores economias do planeta:
- Índia 6,6%
- China. 4,6%
- Indonésia 4,2%
- Turquia 3,7%
- Brasil 3,3%
- México 3,2%
- Arábia Saudita. 2,5%
- Japão 2,3%
- Rússia 2,2%
- EUA 2%
- Austrália 1,9%
- Canadá 1,3%
- Coreia 0,9%
- França 0,9%
- Itália 0,6%
- Reino Unido 0,4%
- Alemanha -0,6%
- Argentina -2,4%
Outro aspecto destacado pela ONU foi o fato de que essa situação internacional está sendo acompanhada por um salto na desigualdade no mundo. “Economia global está se desacelerando, está mais desigual e mais fraca”, afirmou Rebeca. “Mas isso também ocorre numa situação de maior divergência e desigualdade”, constatou.