Estudo Dieese foi feito a partir do PnadC, realizado pelo IBGE, e paridade PPC foi medida pela Organização Internacional do Trabalho. Brasil aparece com US$ 497 enquanto a primeira colocada, Suíça, tem poder de US$ 3.415
Estudo do Dieese divulgado no fim de abril indica o total da população impactada pelo reajuste do salário mínimo, que sobe para R$ 1.320 a partir desta segunda-feira (1/5). São 22,7 milhões de pessoas diretamente atingidas pelo aumento.
Os dados foram levantados a partir dos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual de 2021 (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, o reajuste do salário mínimo é de grande impacto na economia porque há uma expressiva parcela da população que recebe remunerações com valores muito próximos ao mínimo.
O levantamento do Dieese aponta que, além dos 22,7 milhões de pessoas diretamente impactadas pelo aumento do mínimo, outras 31,3 milhões são afetadas de forma indireta – o total é de 54 milhões de pessoas impactadas de forma direta ou indireta, mostra o ‘g1‘.
“Em termos percentuais, esse contingente representou 25,4% da população brasileira, em 2021”, diz o estudo. Há 158,5 milhões de pessoas para quem o mínimo não fará impacto.
O Dieese também aponta que “os grupos diretamente impactados pelo salário mínimo são os empregados do setor privado e público com carteira assinada (inclusive os trabalhadores domésticos); os servidores públicos estatutários; e as pessoas que recebem aposentadoria, pensão ou BPC, com valor igual ou inferior ao salário mínimo”.
O estudo destaca que o reajuste “tem impacto na vida de milhões de trabalhadores, inclusive informais, além dos aposentados e pensionistas do INSS e daqueles que recebem benefícios assistenciais da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), como o Benefício de Prestação Continuada (BPC)”.
Ainda de acordo com o Dieese, os grupos indiretamente impactados são constituídos por indivíduos que residem em domicílios onde existe, pelo menos, uma pessoa diretamente impactada.
Paridade de Poder de Compra (PPC)
Segundo um ranking da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil ocupa 52° posição entre 105 países com a maior Paridade do Poder de Compra (PPC), um método para se comparar o poder de compra entre os países.
O poder de compra do salário mínimo brasileiro está estimado em US$ 497 (aproximadamente R$ 2.511,89). Para se ter uma ideia, a Suíça, que aparece em primeiro lugar do ranking possui um PPC de US$ 3.415 (R$ 17.259,75) [veja a relação de todos os países mas abaixo].
Após a Suíça vêm Turquia (US$ 2.680), Islândia (US$ 2.342), Luxemburgo (US$ 2.305) e Canadá (US$ 2.281). O diretor da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro, diz que o salário mínimo é importante por proteger os trabalhadores contra baixas remunerações, além de garantir com que todos os trabalhadores se beneficiem da distribuição gerada pelo país.
“O salário mínimo cumpre, simultaneamente, funções que de um lado são do mercado de trabalho, mas também de combate à pobreza, desigualdade social, e a dinamização da economia”, diz Pinheiro, conforme transcrição na ‘CNN Brasil‘.
Além disso, ainda no campo social, o especialista lembra que o salário mínimo contribui para reduzir as disparidades de ganhos entre homens e mulheres. Segundo ele, em média, as mulheres recebem 22% a menos do que os homens.
“Mas ao observar as mulheres de baixa renda, como todos ganham o [salário] mínimo, vemos uma equiparação entre esse contingente”, explica. Seguindo o ranking, após o Brasil estão Indonésia (US$ 494), Peru (US$ 494), Colômbia (US$ 492) e Ilhas Maurício (US$ 477).
Por sofrer constantes mudanças e reajustes, além de obedecer diferentes tipos de legislação pelo mundo, a OIT utilizou, para obter a média de cada uma das nações, tanto pisos nacionais como também regionais, média de ganho por idade e média setorial (com base em manufatura).
Pinheiro menciona que o pior inimigo do salário mínimo é a inflação. O representante da OIT diz que é importante valorizar o salário mínimo com aumentos reais, mas sem deixar de observar o impacto fiscal e nas contas públicas.
Veja o PPC dos salários em 107 países:
SALÁRIO MÍNIMO OFICIAL | ||
PAÍS / Atualização 2022 e 2021* | PPC (Paridade do Poder de Compra) | |
01 | SUÍÇA | US$ 3.415 |
02 | TURQUIA | US$ 2.680 |
03 | ISLÂNDIA | US$ 2.342 |
04 | LUXEMBURGO | US$ 2.305 |
05 | CANADÁ | US$ 2.281 |
06 | ALEMANHA | US$ 2.253 |
07 | NOVA ZELÂNDIA* | US$ 2.091 |
08 | FRANÇA | US$ 2.069 |
09 | BÉLGICA | US$ 2.045 |
10 | PAISES BAIXOS | US$ 2.020 |
11 | IRLANDA | US$ 1.928 |
12 | REINO UNIDO | US$ 1.860 |
13 | COREIA DO SUL* | US$ 1.831 |
14 | ESTÔNIA | US$ 1.725 |
15 | OMÃ* | US$ 1.670 |
16 | ESLOVÊNIA | US$ 1.634 |
17 | POLÔNIA | US$ 1.515 |
18 | ESLOVÁQUIA | US$ 1.514 |
19 | ESPANHA | US$ 1.507 |
20 | JAPÃO* | US$ 1.441 |
21 | GRÉCIA | US$ 1.389 |
22 | REPÚBLICA DO CHIPRE | US$ 1.353 |
23 | PORTUGAL | US$ 1.338 |
24 | SÉRVIA | US$ 1.299 |
25 | ROMÊNIA | US$ 1.268 |
26 | ISRAEL* | US$ 1.259 |
27 | ESTADOS UNIDOS | US$ 1.257 |
28 | LITUÂNIA | US$ 1.240 |
29 | MALTA | US$ 1.197 |
30 | HUNDRIA | US$ 1.194 |
31 | CROÁCIA | US$ 1.163 |
32 | MACEDÔNIA DO NORTE | US$ 1.144 |
33 | REPÚBLICA THECA | US$ 1.001 |
34 | MALÁSIA | US$ 976 |
35 | BULGÁRIA | US$ 919 |
36 | REPÚBLICA DOMINICANA* | US$ 899 |
37 | BAHAMAS | US$ 810 |
38 | LETÔNIA | US$ 781 |
39 | FIJI* | US$ 740 |
40 | COSTA RICA | US$ 718 |
41 | MARROCOS* | US$ 699 |
42 | UCRÂNIA | US$ 691 |
43 | BÓSNIA E HERZEGOVINA | US$ 676 |
44 | ARGÉLIA | US$ 672 |
45 | BOLÍVIA | US$ 667 |
46 | IRAQUE* | US$ 652 |
47 | GUATEMALA* | US$ 613 |
48 | AZERBAIJÃO | US$ 567 |
49 | GRANADA* | US$ 549 |
50 | ALBÂNIA | US$ 525 |
51 | MALDIVAS | US$ 499 |
52 | BRASIL (2023) | US$ 497 |
53 | INDONÉSIA* | US$ 494 |
54 | PERU* | US$ 494 |
55 | COLÔMBIA | US$ 492 |
56 | ILHAS MAURÍCIO | US$ 477 |
57 | PAQUISTÃO* | US$ 458 |
58 | MOLDÁVIA* | US$ 452 |
59 | NEPAL* | US$ 452 |
60 | MONGÓLIA* | US$ 431 |
61 | KUWAIT* | US$ 418 |
62 | JAMAICA* | US$ 412 |
63 | ARMÊNIA | US$ 397 |
64 | CHINA | US$ 395 |
65 | GUIANA* | US$ 390 |
66 | TUNÍSIA | US$ 385 |
67 | CATAR* | US$ 385 |
68 | FILIPINAS* | US$ 368 |
69 | LAOS* | US$ 364 |
70 | VIETNÃ* | US$ 337 |
71 | QUÊNIA* | US$ 315 |
72 | CABO VERDE* | US$ 308 |
73 | LESOTO* | US$ 288 |
74 | CONGO | US$ 278 |
75 | CHADE* | US$ 273 |
76 | PAPUA NOVA GUINÉ* | US$ 261 |
77 | EGITO | US$ 251 |
78 | COSTA DO MARFIM | US$ 244 |
79 | HAITI* | US$ 243 |
80 | ÍNDIA* | US$ 241 |
81 | BUTÃO (2020) | US$ 217 |
82 | REPÚBLICA DO MALI | US$ 215 |
83 | BOTSUANA | US$ 192 |
84 | BENIM | US$ 191 |
85 | NIGÉRIA* | US$ 188 |
86 | BURQUINA FASSO | US$ 179 |
87 | CAMARÕES | US$ 164 |
88 | GANA* | US$ 156 |
89 | SRI LANKA | US$ 147 |
90 | NIGÉRIA* | US$ 130 |
91 | UZBEQUISTÃO | US$ 126 |
92 | MADAGASCAR | US$ 121 |
93 | MALAUÍ (2020) | US$ 116 |
94 | REPÚBLICA DA GUINÉ* | US$ 114 |
95 | REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA* | US$ 114 |
96 | ANGOLA | US$ 101 |
97 | QUIRGUISTÃO* | US$ 92 |
98 | LÍBANO | US$ 87 |
99 | GÂMBIA* | US$ 79 |
100 | BANGLADESH | US$ 73 |
101 | SERRA LEOA | US$ 67 |
102 | GEÓRGIA* | US$ 51 |
103 | UGANDA | US$ 19 |
104 | BURUNDI | US$ 3 |
105 | AFEGANISTÃO (2020) | US$ 3 |
Fonte: OIT (Organização Internacional do Trabalho)