O ex-presidente declarado inelegível duas vezes é um dos investigados no caso, que também apura o financiamento desses grupos. Para a PGR, há elementos suficientes para justificar a necessidade de análise mais profunda das doações
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, atendeu a uma sugestão enviada em outubro pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e mandou a PF (Polícia Federal) analisar a “vaquinha” via Pix em favor do ex-presidente declarado inelegível, Jair Bolsonaro (PL).
Por meio do modo de transferência monetária instantâneo, foram doados mais de R$ 17 milhões para o candidato derrotado em 2022.
O pedido inicial de investigação partiu dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fábio Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO) e da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
A PGR disse entender que os parlamentares não poderiam ter entrado com o pedido diretamente no STF, mas sugeriu o encaminhamento do caso à PF – o que foi acatado por Moraes.
Agora, a PF deve analisar se há ligação entre doações e inquérito das milícias digitais.
Bolsonaro é um dos investigados no caso, que também apura o financiamento desses grupos.
Para a PGR, há elementos suficientes para justificar a necessidade de análise mais profunda das doações feitas ao ex-presidente.
“A análise dos indícios e provas da produzidas em razão das diligências investigativas realizadas pela Polícia Federal [no âmbito do inquérito das milícias] aponta a existência de uma verdadeira organização criminosa (…) com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito“, justificou Alexandre de Moraes, em sua decisão, conforme transcreveu o ‘UOL‘.
O relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou que o ex-presidente recebeu R$ 17,1 milhões em transferências via Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano e que esse valor foi movimentado por meio de 769 mil transações feitas para a conta do ex-presidente no período.
A campanha de doação começou depois do julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que deixou o ex-presidente inelegível.
O relatório do Coaf mostrou que 18 pessoas – advogados, empresários, militares, agricultores, pecuaristas e estudantes – pagaram entre R$ 5 mil e R$ 20 mil ao ex-presidente.
Além delas, há três empresas. Uma delas fez 62 transferências que totalizam R$ 9,6 mil.
Em julho, ex-presidente confirmou ter recebido doações e ironizou:
“Obrigado a todos aqueles que colaboraram comigo no Pix há poucas semanas. Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro aqui para a gente tomar um caldo de cana e comer um pastel com a dona Michelle“, disse Bolsonaro durante um encontro do PL Mulher, em 29 de julho.
O fato de ter promovido esse escandaloso pix, já configura lavagem de dinheiro. Justo quando ocorre a venda das joias.