“Imprensa nada faz em defesa de Assange”, diz Lula em Londres – Wikileaks e esposa repercutem fala (vídeo)

O cara não denunciou nada vulgar. Ele denunciou que um estado estava espionando outro, e isso virou crime contra o jornalista“, declarou o tri-presidente, após a coroação de Charles III

O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou, em uma coletiva de imprensa após a coroação do Rei Charles III, no sábado (6/5), que a prisão do jornalista australiano Julian Assange, em Londres, é “uma vergonha” porque o que ele fez foi apenas denunciar as “falcatruas de um estado contra os outros” e “isso virou crime” contra ele.

O estadista e tri-presidente acrescentou que é um absurdo que Assange esteja “condenado a morrer na cadeia e a gente não faça nada para libertar. É um negócio maluco, é gente que briga e fala em liberdade de expressão e o cara está preso porque denunciou as falcatruas e a imprensa não se mexe para a defesa desse jornalista.

As declarações de Lula foram feitas em resposta à jornalista do DCM, Sara Vivacqua, que perguntou: “O senhor venceu uma guerra híbrida e tem total consciência de que a liberdade de expressão e o direito de saber está ameaçado globalmente. Eu gostaria de saber qual é a sua opinião a respeito do preso político Julian Assange, que está a apenas 10 km daqui”, disse.

Lula respondeu: “Deus te abençoe por essa pergunta. É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um estado contra os outros esteja preso, condenado a morrer na cadeia e a gente não faça nada para libertar. É um negócio maluco, é gente que briga e fala em liberdade de expressão e o cara está preso porque denunciou as falcatruas e a imprensa não se mexe para a defesa desse jornalista”.

“Eu sinceramente não consigo entender. Quando chegar no Brasil vou ligar para o primeiro-ministro [Rishi Sunak], porque foi um assunto que esqueci de falar com ele”, disse Lula. “Eu já mandei carta para o Assange, já publiquei carta, mas eu acho que é preciso um movimento da imprensa mundial na defesa dele. Não é na defesa dele enquanto pessoa, é na defesa da liberdade de denunciar. Ele não denunciou nada vulgar, denunciou que um estado estava vigiando os outros e isso virou crime”, afirmou.

“E a imprensa que defende liberdade de imprensa não faz um movimento para libertar este cidadão. É triste, mas é verdade. A gente precisa colocar as nossas teorias na prática de vez em quando para que a gente possa continuar falando em liberdade de expressão.”

Assista e leia mais a seguir:

Em 2010, Assange publicou aproximadamente 250 mil arquivos, entre fotos, vídeos e documentos do Pentágono, dos Estados Unidos, que revelavam crimes de guerra cometidos pelos militares americanos e práticas de tortura contra detentos da prisão de Guantánamo, base militar dos EUA em Cuba.

No mês passado, parlamentares brasileiros entregaram à embaixada dos Estados Unidos em Brasília uma carta endereçada ao presidente Joe Biden, solicitando a retirada das acusações de espionagem contra o jornalista. No total, ele é acusado de 18 crimes relacionados à espionagem.

Assange tem lutado contra a extradição para os Estados Unidos, e os comentários de Lula vêm em um momento em que ele mostra pouca relutância em expressar suas diferenças de opinião com Washington sobre questões geopolíticas, particularmente em sua oposição ao fornecimento de armas à Ucrânia para a guerra contra a Rússia, e acusando os EUA e a Europa de encorajar os combates. Sua postura e repetidas declarações atraíram duras repreensões da Casa Branca e da Europa.

Por seu lado, a Austrália tem intensificado a pressão diplomática sobre o governo dos EUA para cancelar o processo contra Assange. Na sexta-feira, o primeiro-ministro da Austrália, Albanese, disse à Australian Broadcasting Corp. em uma entrevista que “basta. Não há nada a ser servido por seu encarceramento contínuo”. Em novembro passado, Albanese disse ao Parlamento que sua “posição é clara e foi esclarecida para o governo dos EUA: que é hora de encerrar esse assunto”.

Assange lutou nos tribunais britânicos durante anos para evitar ser enviado para os EUA, onde enfrenta 17 acusações de espionagem e uma acusação de uso indevido de computador que decorrem da publicação de um enorme tesouro de documentos classificados pelo WikiLeaks em 2010.

Os promotores americanos alegam que ele ajudou a analista de inteligência do Exército dos EUA, Chelsea Manning, a roubar telegramas diplomáticos e arquivos militares classificados que o WikiLeaks publicou posteriormente, colocando vidas em risco.

No ano passado, o pai de Assange, John Shipton, tentou convencer o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, a abordar a questão da acusação de seu filho com o principal diplomata dos EUA e fazer com que o albanês da Austrália levantasse a questão com o presidente dos EUA, Joe Biden, no funeral da Rainha Elizabeth II.

O WikiLeaks e a companheira do jornalista, Stella Assange, repercutiram as declarações de Lula, nas contas oficiais do Twitter: “Presidente do Brasil, Lula da Silva, em viagem a Londres para a coroação do rei Charles III chama prisão de Julian Assange de “vergonhosa” e pede movimento mundial por sua liberdade”, escreveu o site, compartilhando matéria do abcNEWS sobre o tema.

Stella disse que Lula “pretende telefonar para o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, além de apelar aos jornalistas de todo o mundo para se mobilizarem para libertá-lo.

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