O estadista sempre argumentou sobre as regras “antidemocráticas” do órgão. Agora, o secretário de Estado dos EUA fala em reformas
O secretário-chefe do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse, nesta quinta-feira (22/2), no Rio de Janeiro, por ocasião do encontro de chanceleres do G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo), que é necessária uma reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Estamos atuando no esforço de expandir o Conselho de Segurança das Nações Unidas, tanto em termos permanentes quanto de não permanentes, para que ele reflita melhor o mundo de hoje“, disse.
A fala do oficial do governo de Joe Biden tem como pano de fundo as polêmicas declarações do Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, onde quase 30 mil palestinos morreram e outros quase 70 mil foram feridos.
Um dia antes do secretário defender a reforma, ele teve uma reunião com Lula, que também é favorável à medida. Desde 2023 o estadista critica as regras do órgão da ONU que garantem poder de veto aos cinco países permanentes do órgão: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, apesar de ser formado por 15 membros.
No início do conflito no enclave israelense, Lula disse que era “preciso acabar com o direito de veto, ou seja, se tiver dúvida, vota a maioria, ganha e cumpre-se. Então, eu vou continuar falando em paz, vou continuar falando porque eu acredito que é a coisa mais extraordinária tentar superar o poder das balas com o poder da conversa“.
Na ocasião, durante a presidência rotativa do Brasil no Conselho, Lula argumentava sobre a proposta brasileira que condenava os ataques terroristas do Hamas, mas que cobrava de Israel o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.
“Foi rejeitada por causa de uma loucura, que é o direito de veto conseguido pelo país titular do Conselho de Segurança da ONU, que eu sou totalmente e radicalmente contra. Isso não é democrático“, disse ainda o estadista, na ocasião, quando defendia a a reforma no colegiado, com a entrada de mais membros permanentes, como Brasil, Argentina, México, Egito, Índia e Nigéria, entre outros.
“São os cinco países [permanentes] do Conselho de Segurança que fabricam arma, que vendem armas e que fazem guerra. É a contradição. Por isso que nós queremos mudar o conselho […]. O que nós queremos é democratizar o conselho da ONU porque, hoje, ele vale muito pouco“, disse Lula no final de outubro.