O bolsonarismo levou o Brasil, onde 67,7 milhões são pobres, a uma incompreensível polarização. A cada investida contra os benefícios sociais conquistados arduamente por governos do PT para estes pobres, a direita ressurgiu e os ‘abduziu’ para si, dando origem ao inusitado ‘pobre de direita’ – ENTENDA
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Segundo dados do Senso do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2022 havia 67,7 milhões de pessoas na pobreza. E de acordo com a FAO [Food and Agriculture Organization (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura)], cujo lema é ‘fiat panis [haja pão], o Brasil tinha 70,3 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar em 2023.
O portal do Partido dos Trabalhadores diz que a situação “só piorou durante o governo Bolsonaro” e que o Governo Lula “começou a reverter” e a tirar estes brasileiros de um “cenário trágico“, conforme escreveu a redação do site que representa a legenda do estadista. Em versões de seus governos anteriores, o hoje Presidente pela terceira vez já teve programas sociais premiados no mundo, como o ‘Fome Zero‘.
Mas a legenda criada com o fim fortalecer as classes desprotegidas contra um sistema econômico voltado para o favorecimento do lucro do mercado, em detrimento daqueles que verdadeiramente o sustentam, foi rendida em 2016, quando da deposição de Dilma Rousseff e da subsequente e coincidentemente suspeita campanha contra o PT e o então ex-presidente que ajudara a criá-lo.
Afinal, a direita não aguentava mais suportar ficar de fora do Palácio do Planalto pela quarta vez consecutiva. Tudo levou a um plano sequencial que culminou com a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, para dar lugar ao primeiro populista de extrema direita a conquistar nas urnas, ainda que com métodos fabricados, Jair Bolsonaro.
Somente seria possível derrotar Lula nas urnas produzindo a negativação de sua imagem, ao tentar massivamente destruir publicamente sua reputação, pois o Presidente do Brasil é, na história do país, quem mais recebeu honrarias. Assim, mesmo tendo deixado sua segunda gestão com aprovação popular de 87%, a tendência eleitoral de ‘dar PT‘ de novo em 2018 não funcionou.
Hoje as mídias tentam isentar-se de seu papel no golpe e cuidam para que tudo pareça legal, mas parte significativa do povo entende como funcionou o plano. Infelizmente, uma parcela grande nem se lembra mais dos benefícios inéditos que teve com os governos de esquerda.
Em 2020, um vídeo circulou em grupos de ‘WhatsApp‘ mostrando o filósofo Luiz Felipe Pondé questionando se “os pobres podem ser de direita“. Surpreendentemente, sua resposta foi que “os pobres são mais de direita do que de esquerda“.
Segundo Pondé, essa definição ideológica seria “acreditar que alguém tem de ir atrás do prejuízo e trabalhar. Ser liberal, acreditar no trabalho, em pagar conta e que a pessoa é responsável por sua vida”., conforme argumentou. “A maior parte dos pobres é de direita e a esquerda sempre foi um fetiche da burguesia“, disse.
Mas uma fala de Clóvis de Barros Filho está sendo considerada nas redes sociais como “uma das melhores explicações sobre o fenômeno ‘pobre de direita’“. Segundo o filósofo, professor, palestrante e escritor, “a burguesia controla o proletariado” atuando estrategicamente com “a polícia, o governo, o exército, o corpo de bombeiros, etc”.
Barros Filho argumenta que são “anos de submissão sem revolta”, em “sinal que o proletário, em grande medida, participa do sistema pacificamente”. O filósofo acrescenta que, “de uma certa forma, o proletário e o burguês concordam com uma certa ideia de como o mundo deveria funcionar; de como a sociedade deve acontecer; sobre o que é certo e o que é errado” e que isso acontece porque há uma “dominação ideológica”, que segundo ele “é a única explicação”
Assim, “o proletário está convencido de que o burguês tem razão”, diz, concluindo: “Parece que flutuam sobre uma mesma matriz ideológica de definição do que é certo e do que é errado“.
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