Desemprego será dramático após fim do auxílio covid, diz a Folha em editorial ingênuo

Jornal flerta com o óbvio em texto imaturo e pede ao governo Bolsonaro que defenda os mais pobres sem mencionar a soberania ameaçada como fator excepcional de risco ao país

A redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 mensais a partir deste outubro e a provável extinção do benefício no formato atual em 2021 sugerem que mais pessoas voltarão a buscar vagas no mercado. Se a atividade não mostrar dinamismo, a piora das estatísticas da desocupação, que atingiu 13,8% no trimestre encerrado em julho, o maior nível da série iniciada em 2012 de acordo com o IBGE, será dramática, diz Editorial da Folha de São Paulo neste domingo (4).

No trimestre até abril, a taxa era de 12,6%. No indicador da subutilização da força de trabalho, incluindo os desalentados e os que gostariam de trabalhar mais horas e não conseguem, a cifra chega a 30,1%, também a maior da série. Entre um trimestre e outro foram perdidos 7,2 milhões de postos de trabalho. O salto do desemprego teria sido muito maior não fosse a saída de 6,8 milhões da força de trabalho, seja por causa da inviabilidade do retorno em muitos setores, seja graças ao auxílio emergencial do governo.

É o setor de serviços o maior responsável pela oferta de vagas, ao mesmo tempo em que são segmentos mais atingidos pela pandemia, como alimentação fora do domicílio, turismo e serviços pessoais. Preocupa em especial o risco de que muitos dos empregos destruídos não voltem, consolidando um nível de desocupação elevado no país. A melhor forma de evitar um cenário social desolador seria um bom controle da pandemia, algo em que o país já fracassou.

Resta defender a renda dos mais pobres“, diz a Folha pontuando seu flerte textual imaturo com a obviedade econômica de um Brasil que vem sendo cada vez mais destruído pelo enfraquecimento de sua soberania – o poder absoluto e perpétuo de um Estado-Nação, segundo o renascentista francês Jean Bodin.

E ainda há, na matéria, uma ‘dica’ para o governo Bolsonaro sem que seja dada a solução ou sugestão para a grande charada em que o liberalismo se meteu após a retomada do poder e retirada de direitos do povo: “reforçar a estabilidade econômica com boa gestão das contas públicas e conduzir as reformas necessárias para acelerar o crescimento”. Mas isso parece complicado sem que haja soberania.

Como Lula disse neste sábado (3), “soberania não significa apenas defender a Petrobras ou defender o BNDES. Soberania significa defender a nossa fronteira seca, a nossa fronteira marítima, o nosso espaço aéreo, as nossas florestas, a nossa fauna, o nosso ecossistema, a nossa água, o nosso povo, significa a gente investir em Ciência e Tecnologia, significa investir em Educação, significa cuidar do Índio, significa cuidar do Negro, significa cuidar do Povo Brasileiro. A soberania é a maior geradora de recursos de um Estado. Sem ela, os recursos se findarão, como está ocorrendo agora.

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