Após Cármen Lúcia afirmar que o advogado tem “notório saber jurídico e reputação ilibada, o decano da Corte diz: “Não vejo impedimento algum“. Lula “já fez indicações no passado. Certamente ele vai levar em conta todas as suas experiências“
“Não vejo impedimento algum [na eventual indicação do advogado Cristiano Zanin Martins para a próxima vaga no STF (Supremo Tribunal Federal)]”, disse o ministro decano da Corte máxima de Justiça brasileira, em entrevista ao jornal O Globo.
No início deste mês, a ministra Cármen Lúcia, também do STF, afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que o advogado tem “notório saber jurídico e reputação ilibada” para assumir vaga no Tribunal.
Gilmar Mendes disse, na publicação que foi ao ar neste domingo (26/3), que “todos nós, com raríssimas exceções, não fomos buscados em casa. Estávamos em algum lugar e tínhamos conexões com a vida política. Isso está dentro de um certo contexto político e ideológico. O fundamental é que saiba Direito e que seja honesto“.
Zanin representa a defesa jurídica e pessoal do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo atuado e sido um dos principais responsáveis pelas anulações das condenações impostas pelo ex-juiz federal e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que foi declarado, pelo Supremo, parcial e incompetente para julgar o hoje chefe do Executivo, que passou 580 dias preso injustamente, pois a sentença não citava prova contra o estadista.
“O Presidente já fez indicações no passado. Certamente ele vai levar em conta todas as suas experiências. Nesse contexto, inclusive, os quase 600 dias de prisão que ele passou tem a ver também com decisões do Supremo. Certamente, tudo isso vai estar presente nesse processo decisório“, disse Gilmar Mendes que em seguida se posicionou contrário à proposta de mandatos fixos para ministros do STF.
“Eu sou contra porque imagino que isso, embora não seja a intenção do presidente [do Senado] Rodrigo Pacheco [PSD-MG], acaba sendo um Cavalo de Troia para discutir outras questões como, por exemplo, a forma de divisão da indicação do presidente com Câmara [dos Deputados] e Senado [Federal]”, afirmou o decano, que prosseguiu e expressou sua admiração pelo mineiro:
“Eu não acho que valha a pena reproduzir o modelo das indicações para o Tribunal de Contas da União. E acho curioso também, do ponto de vista de momento, que se escolha logo o STF como alvo da primeira reforma”, disse.
“Já falei isso para o próprio Pacheco. Na verdade, eu acho até que seria bom que tivéssemos nomes como o de Rodrigo Pacheco no Supremo“.