“Essa boca que disse não à vacina e condenou tantos à morte, … que debochou imitando pessoas com falta de ar, pessoas que viveram o horror que meu irmão viveu, não pode ser usada para pronunciar o nome dele… Não sei que sentimentos tem um homem que deixa um país inteiro entregue à morte“
A irmã de Paulo Gustavo, ator, humorista, diretor, roteirista e apresentador que faleceu no início do mês de maio por complicações da covid-19, postou, em seu Instagram, uma mensagem ao presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em tom de revolta. Em um dos trechos, Ju Amaral diz: “Nunca mais ponha na sua boca o nome do meu irmão… Essa boca que disse não à vacina e condenou tantos à morte, … que debochou imitando pessoas com falta de ar, pessoas que viveram o horror que meu irmão viveu, não pode ser usada para pronunciar o nome dele”
Após o humorista ser lembrado, neste sábado, por ter sido vitimado pela doença que motivou as manifestações por mais vacinas e pelo impeachment de Bolsonaro, a produtora postou uma longa mensagem em resposta ocorrida várias semanas depois que o presidente postou condolências à família.
Na ocasião, Bolsonaro escreveu nas redes sociais: “Meus votos de pesar pelo passamento do ator e diretor Paulo Gustavo, que com seu talento e carisma conquistou o carinho de todo Brasil. Que Deus o receba com alegria e conforte o coração de seus familiares e amigos, bem como de todos aqueles vitimados nessa luta contra a Covid”.
Paulo Gustavo morreu com 42 anos, no dia 4 de maio de 2021, após ser internado, em 13 de março, em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Leia a mensagem de Ju Amaral a Bolsonaro:
“Sr. presidente, me disseram algo sobre o senhor ter postado condolências à minha família. Só agora tive forças de vir responder como o senhor merece, e o mínimo que eu posso lhe dizer é que, por coerência, nunca mais ponha na sua boca o nome do meu irmão. Essa boca que disse não à vacina e condenou tantos à morte, essa mesma boca que debochou imitando pessoas com falta de ar, pessoas que viveram o horror que meu irmão viveu, não pode ser usada para pronunciar o nome dele nem lamentar a morte de todos os vitimados pela Covid.
Também espero que o senhor não despeje sobre minha família os seus mais sinceros sentimentos pois eu não os aceito. Não sei que sentimentos tem um homem que deixa um país inteiro entregue à morte. Guarde pra você seus sentimentos e não nos obrigue a lidar com eles.
Seus votos de pesar também peço que deposite em sua própria consciência, pois é sobre o seu governo que pesa a pior gestão desta pandemia mundial.
Espero que o senhor saiba que meu irmão e você não tinham nada em comum. Vocês trafegam em vias opostas. Enquanto ele ia na estrada da vida, do afeto, da generosidade e empatia, o senhor vem pelas trevas, trazendo escuridão e morte.
O Brasil que o senhor comanda carrega nas costas quase 500 mil filhos mortos, e dentre eles o meu irmão”.
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