Supremo não sabe o que fazer com vazamentos e abusos da Lava Jato – Tribunal precisará decidir como enfrentar o caso ou ficará na apatia dos últimos anos, diz a Folha
crédito da imagem-título: Amarildo
Bruno Boghossian publica, na seção Colunas&Blogs da Folha de São Paulo deste domingo (04), um resumo dos ‘bastidores’ da justiça brasileira, após as revelações bombásticas do site fenomenal de Glenn Greenwald, The Intercept Brasil, relacionando os fatos mais relevantes desde então. O jornalista da Folha evidencia, ainda que sem o tom desejado da gravidade que se deveria atribuir, alguns crimes da Lava Jato sob o comando de Sergio Moro junto a seu principal colaborador Deltan Dallagnol, chefe da Força-Tarefa de Curitiba e os contrasta com a passividade da Suprema Corte.
Contudo, o que fica muito claro no texto do colunista é que o Supremo Tribunal Federal, que de acordo com a Constituição deveria representar seu papel, neste contexto, dotado de uma imparcialidade ‘Justi‘ (no Latim costuma representar ‘Deus, o justo‘), parece procrastinar em lugar de exercer impavidamente suas atribuições tão reclamadas por progressistas conscientes da inabalável verdade que é uma só: o STF segue o script de uma peça de teatro a que lhe foi imposto pelos agentes que atuam em nosso país, segundo interesses internacionais, para garantir o desmonte do Brasil e a escravização dos trabalhadores.
Leia abaixo a transcrição da matéria de Bruno Boghossian na Folha:
A força-tarefa de Curitiba soprava as velinhas do primeiro aniversário da Lava Jato, em 2015, quando Gilmar Mendes estreou suas críticas à operação. Ele negou a soltura de um grupo de empresários, mas disse que a duração das prisões preventivas decretadas por Sergio Moro estava “se aproximando do limite”.
O tom das reprimendas subiu desde então, e o tribunal se mexeu para impor freios a alguns métodos da equipe responsável pelo caso. Na prática, porém, a força-tarefa fez o que queria nos anos seguintes.
Como se sabe agora, o juiz da operação abandonou a neutralidade ao atuar em parceria com os acusadores. Indicou uma testemunha e deu conselhos antes de escrever suas sentenças. Descobriu-se ainda que o chefe dos procuradores tentou investigar ilegalmente ministros do STF considerados seus adversários.
O vazamento das conversas da força-tarefa deu materialidade à discussão sobre os limites ultrapassados em Curitiba. O Supremo, no entanto, deu sinais de que não sabe muito bem o que fazer a partir daqui.
Quando os primeiros diálogos foram publicados, Marco Aurélio disse que eles colocavam em dúvida a “equidistância do órgão julgador”. Acrescentou que isso seria tratado dentro dos processos da Lava Jato.
O próprio STF conseguiu atropelar o debate. Ao aproveitar um inquérito claramente abusivo sobre fake news para obter as mensagens hackeadas, Alexandre de Moraes tentou tomar um atalho para validar provas obtidas a partir de um crime.
A reação veio de Luís Roberto Barroso, que disse que essa agenda está “sequestrada por criminosos”. Ele certamente não quis insinuar que o Supremo deva se render aos arbítrios do outro lado. O ministro afirmou ainda que “há mais fofoca do que fatos relevantes” e reclamou da “euforia” causada pelos diálogos.
Obtidas ilegalmente, as mensagens ganharam vida própria desde que a sociedade passou a conhecê-las. O tribunal precisará enfrentar essa questão ou permanecer na apatia observada nos últimos cinco anos.
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