Vale à pena ler a resposta da professora Janeslei Albuquerque sobre o projeto:

Sobre os ônibus “cor-de-rosa”: a prova de que esses homens do PSC não sabem nada de mulheres feministas. Segundo essa proposta, as mulheres que são mais da metade da população, ficarão lá esperando passar o ônibus cor-de-rosa, o retorno do “eterno feminino”. Caso entrem na frota de 80% destinado aos homens, supõe-se, estarão sinalizando que querem ser encoxadas, apalpadas, etc.
Então, proponho inverter a proposta: 80% dos ônibus serão cor-de-rosa, e 20% serão azuis. E então, homens que entrem nos ônibus cor-de-rosa aprenderão como devem se comportar civilizadamente no transporte coletivo.
A proposta do PSC é de segregar as mulheres em 20% da frota. Por que será que o contrário não lhe ocorreu ao nobre(?) vereador? Porque o mundo do seu imaginário é patriarcal, família heteronormativa e supõe que se as mulheres são encoxadas nos ônibus SUPERLOTADOS, são ELAS que devem ser segregadas!!!
Esperar um pouco, ao menos um pouco, de inteligência de TODOS os legisladores municipais é pedir muito? Há os/as o são, e são os/as que nos salvam da treva total. Mas muitas vezes pregam no deserto de ideias que campeia nesse parlamento. Esses/as têm minha total solidariedade. É o/a verdadeiro/a herói/heroína.
Coragem!!! Sugiro uma medida simples: aumente-se a frota de ônibus, reduzam a margem de lucro dos milionários empresários que exploram esse direito público, e teremos um transporte público, coletivo e humanizado. É pedir muito?
Relembre:
Para justificar o projeto, Campos cita o aumento da população de Curitiba e os recentes casos de violência contra mulheres noticiados pela imprensa nacional. “Devido ao crescimento demasiado da população de Curitiba faz-se necessária a implantação de políticas públicas que visem evitar ocorrências criminosas como assedio sexual, moral, assaltos. A mídia recentemente noticiou casos de estupro dentro de veículos de transporte coletivo. Entretanto, além da prática de crimes, muitas vezes, pela situação de lotação dos ônibus nos horários de pico, as mulheres normalmente ficam em situação desconfortável, causando, inclusive, situações constrangedoras para as mesmas”. O vereador relata que já presenciou situações delicadas envolvendo passageiras. Segundo ele, na ocasião, ele chegou a parar o veículo, mas, o homem que teria abusado de uma usuária já havia descido.
De acordo com o projeto, nos horários de maior movimento, as concessionárias deverão ter 20% da frota composta por ônibus exclusivos para as mulheres. Durante os finais de semana e feriados, as empresas não precisariam cumprir este percentual. Caso o texto seja aprovado, a fiscalização ficaria a cargo da prefeitura e há previsão de punições, como advertência e multa inicial de R$ 3.000.
Campos propõe que inicialmente o ônibus cor-de-rosa circule nas principais linhas da Rede Integrada de Transporte (RIT), podendo ser aderido nas demais linhas, conforme necessidade. Mesmo se o projeto for aprovado e os ônibus exclusivos criados, as mulheres poderiam optar em usar os veículos convencionais.