Ministro corregedor do CNJ quer o compartilhamento das mensagens de Telegram hackeadas entre procuradores e Sergio Moro, quando era juiz, para investigar o Tribunal da 4ª Região, que referendava praticamente todas as decisões da Lava-Jato
O ministro da Corregedoria Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, irá pessoalmente à capital do Paraná, Curitiba, na próxima sexta-feira (15/6) para inspeção da 13a Vara de Curitiba e TRF-4 (Tribunal Regional Federal), bem como para colher depoimentos.
O corregedor também pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o compartilhamento das provas contidas nas conversas via aplicativo Telegram trocadas entre procuradores da operação Lava Jato que foram hackeadas quando Sergio Moro era juiz federal.
O TRF-4 ficou conhecido por referendar praticamente todas as decisões de Curitiba.
Salomão solicitou ainda acesso a uma reclamação relacionada ao operador financeiro Tacla Duran, informa Bela Megale, no ‘Globo‘. Toda documentação será usada na correição que fiscaliza a 13a Vara e o TRF-4, diz a matéria.
Em março, ao prestar depoimento ao juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, foi afastado justamente após o ex-advogado da Odebrech, Rodrigo Tacla Duran, ter afirmado que foi vítima de um suposto esquema de extorsão envolvendo Moro e mencionou o ex-procurador Deltan Dallagnol.
Em abril, uma decisão do desembargador Marcelo Malucelli acabou por restabelecer uma ordem de prisão preventiva contra Tacla Duran. A medida foi suspensa pelo STF. Malucelli é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio do ex-juiz da Lava-Jato no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados.
Posteriormente, o desembargador pediu afastamento de ações ligadas a Tacla Duran.
Malucelli faz parte da Oitava Turma do TRF-4, alvo da inspeção. O colegiado é composto por magistrados que condenaram Lula e envolvidos da Lava Jato.
Além de Malucelli, a turma é formada por Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima. Na semana passada, envolvidos na correição estiveram na sede da 13a Vara de Curitiba, quanto no TRF-4, em Porto Alegre, onde ouviram três desembargadores. Também foram acessados sistemas e movimentações relativas a fases de processos da Lava-Jato.