Prisão de Lula até 2044: nova sabotagem à democracia

Salvo Ciro Gomes, os 210 milhões de brasileiros e brasileiras já sabem que a condenação de Lula até 2043 está longe de constituir uma tragédia pessoal. Conduzida pelo mesmo método, com a mesma fonte de inspiração, com origem no mesmo projeto regressivo que envenenou o país a partir de 2014 e ascendeu ao poder através de Bolsonaro, seu efeito nocivo perante a História é simples de calcular, como uma operação elementar de aritmética.

Aberração absoluta, incompatível com a presunção da inocência e demais garantias previstas no artigo 5 da Constituição, a  condenação é um novo passo rumo  à substituição do regime democrático criado pela Carta de 1988 por um sistema híbrido, no qual direitos constitucionais convivem com medidas de exceção e violência institucionalizada. 

O sentido geral do processo é reforçar a tutela e a repressão sobre os movimentos populares e as escolhas do povo, fechando portas e caminhos para toda atitude de resistência. A juventude deve ser criminalizada pela perseguição à UNE, o Partido dos Trabalhadores deve ser colocado na ilegalidade, os sindicatos se tornarão entidades sem músculos, o MST e o MTST estarão sempre na mira, o povo pobre e preto tomará ainda mais porrada. Os mais velhos perderão o direito a memória, os mais novos não terão acesso às mais simples lições.

Num regime onde a força começa a prevalecer, tudo se encaixa com tudo, pois não pode haver lugar para a incongruência nem para a dissonância. Até o Globo pode se tornar um problema. 

“Amas a incerteza e serás um democrata”, ensina Adam Przeworsky, estudioso das relações necessárias entre democracia e Estado de bem-estar social. 

No horizonte ideal dos atuais donos do Estado, pretende-se eliminar toda hipótese de alternância democrática no poder, como aconteceu durante o regime militar de 64, referência real daqueles que ocupam o Planalto desde 1 de janeiro, cujo resgate consideram a verdadeira missão política.  Não custa registrar. A partir do cancelamento das eleições  presidenciais de 1965, durante 24 anos o país ficou proibido de votar para presidente — o mesmo prazo, aliás, que Lula precisará cumprir na cadeia, considerando apenas as penas recebidas até agora. Simbólico, não?

A sentença de Gabriela Hardt é coerente com uma paisagem geral de asfixia política, que por sua vez é necessária ao corte de direitos,  que antecede todo ambiente de superexploração e mão-de-obra cada vez mais barata.

Veja-se a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, que, logo atrás de Mourão, estarão nos lugares seguintes na linha de sucessão presidencial. Ainda que Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia  sejam personalidades com experiência  diversa e talento diferenciado, e a vitória de um tenha exibido a truculência inaceitável jamais vista nos passos do outro, ambos guardam uma identidade essencial. Exibem a mesma ficha de inscrição partidária — o DEM da ditadura militar —  para desempenhar os papéis mais lamentáveis escritos no enredo de 2019 sem enfrentar problemas de escrúpulo de consciência. Tudo já foi combinado e precificado com antecedência.

O que se quer, aqui, é encaminhar medidas de longo alcance contra as liberdades públicas esboçadas no pacote liberticida de Sérgio Moro, complemento indispensável ao projeto que libera armas de fogo. Simultaneamente, pretende-se atingir o embrião de Estado de bem-estar social em seu âmago, a Previdência Social, principal instrumento de combate a exclusão que marca a sociedade brasileira, humilhando os mais velhos e  marginalizando uma juventude criminalizada diariamente.

O resgate e empoderamento do filho Flávio Bolsonaro mostra uma articulação que planeja as tarefas sem dar  chance ao azar. Por isso as testemunhas somem, Fabrício Queiróz não faz mais vídeo com dancinha, o COAF virou alvo. Já imaginou se, na outra ponta da linha, aparece o fio que leva ao mandante do assassinato de Marielle Franco? A quem acobertou? 

Estamos falando de herdeiros orgulhosos do DOI-CODI. 

O percurso é eliminar a soberania em todos os sentidos — pela submissão de cada cidadão, do povo inteiro,  da nação a ser construída. Tenta-se negar, a todos e a cada um, seu lugar no mundo. O destino desse roteiro, não é difícil adivinhar, é a recolonização, já assumida por ideólogos autorizados. 

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