Prevaricação de Bolsonaro no ‘Covaxingate’ “é fato” e ele pode ser responsabilizado por mais crimes, diz Aziz

Presidente da CPI da Covid disse que o Planalto se ‘incomoda’ porque a apuração revela ‘indícios de corrupção’ e expõe ‘ineficiência’ do governo no combate à pandemia

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), trata como “um fato” a prevaricação de Jair Bolsonaro ao deixar de comunicar às autoridades a denúncia de suspeitas no contrato da vacina indiana Covaxin. Para o parlamentar, o Planalto se ‘incomoda’ porque a apuração revela ‘indícios de corrupção’ e expõe ‘ineficiência’ do governo no combate à pandemia. Aziz afirma que a CPI ainda tem muito a investigar e que o presidente pode ser responsabilizado por outros crimes.

A hipótese da existência de irregularidades na compra foi levada ao conhecimento do presidente pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e por seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, em um encontro no Palácio da Alvorada, dia 20 de março.

Ontem, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que instaurou um inquérito para apurar o caso após a ministra Rosa Weber cobrar posicionamento em uma verdadeira ‘lavada’, quando afirmou que “no desenho das atribuições do Ministério Público, não se vislumbra o papel de espectador das ações dos Poderes da República (…) descumbiu-se de seu papel constitucional“,

O senador amazonense avalia que Bolsonaro está incomodado com o trabalho da comissão — que, segundo ele, mostrou “a ineficiência” da gestão atual. “Uma coisa que deixa o presidente com urticária é a gente mostrar que o governo dele é corrupto também. Estamos com fortes indícios disso”, disse o parlamentar ao Globo.

O presidente disse recentemente que há “sete bandidos” na CPI. Como o o senhor recebeu essa declaração?

O presidente, quando acuado, reage dessa forma. É o modus operandi dele. Agredindo, tentando desqualificar as pessoas que se contrapõem a ele. Ele faz isso com todos, precisa dar uma resposta ao eleitorado dele. E a resposta é desqualificar os membros da CPI. Mas ele não consegue desmentir o deputado Luis Miranda. Você vê que está ficando ruim, porque para qualquer pessoa um pouco racional, mesmo fã dele, persiste a dúvida: será que o deputado Miranda falou isso (sobre as suspeitas na compra da Covaxin) e o presidente não fez nada? Veja o limite a que nós chegamos: o presidente dizer que não sabe do que acontece nos ministérios. Mas sabe, através de WhatsApp, de compadre, de amiguinho, de não sei o quê.

Há indícios claros de que o presidente prevaricou diante da denúncia apresentada pelos irmãos Miranda?

Isso não é indício. Isso é um fato. Ele não desmente. Ele não encaminhou (a denúncia) para a Polícia Federal. A Polícia Federal abriu nessa quarta-feira esse inquérito. Depois de quantos meses? É um fato. Ele não encaminhou nem para a CGU nem para a Abin. É um fato. E o deputado Luis Miranda ainda disse: “Eu espero que ele não me desminta, porque senão…”. É um fato. Ele teve a oportunidade de encaminhar para a Polícia Federal ou para o Ministério da Saúde. Aí inventaram que deram (o aviso) para o ministro (Eduardo) Pazuello, que sai dois dias depois (da Saúde). Pazuello já sabia que seria exonerado, porque ninguém é exonerado no dia. E o coronel Elcio Franco (ex-secretário executivo da Saúde) também já ia no bolo. Então, nenhum dos dois investigou nada. Não falou nada. Isso incomoda o Bolsonaro. Ele recebeu na residência oficial um deputado federal da base dele, que levou essas denúncias, e ele não tomou providência. Qualquer servidor público diria que é prevaricação.

Leia mais na (íntegra da entrevista exclusiva para assinantes) no Globo.


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