O efeito do auxílio precisa ser grande o suficiente para Jair voltar a acreditar que pode vencer sem golpe, escreve Celso Rocha de Barros. Mas “virada em eleições nunca começou em agosto”
“Nenhuma virada em eleições presidenciais brasileiras começou de agosto em diante“, escreve o sociólogo Celso Rocha de Barros, na Folha de S. Paulo. “É justamente para o voto dos pobres que Bolsonaro está olhando com mais atenção“:
“Se a PEC “Medo do Lula” produzir efeitos eleitorais significativos, será entre os pobres. O Datafolha não trouxe notícia de novos pobres votando em Bolsonaro fora da margem de erro. Foi, portanto, uma pesquisa ruim para Jair: o anúncio do auxílio não lhe rendeu votos“. aponta Barros.
“Resta-lhe a esperança, entretanto, de que essa situação mude quando o dinheiro do auxílio for depositado“, observa o sociólogo. “É bem possível que Bolsonaro ganhe alguns pontos percentuais nas pesquisas no final de agosto. Isso pode evitar uma vitória de Lula no primeiro turno, se o petista não for beneficiado por voto útil de eleitores de Ciro ou Tebet“.
Celso Rocha Barros resume: “Se não fosse pela PEC “Medo do Lula”, ou Lula já teria sido eleito, ou haveria tempo para uma debandada de direitistas para outras candidaturas“. O sociólogo concorda com a maioria massiva dos brasileiros e prenincia o final: “O governo Bolsonaro foi ruim demais para que a reeleição fosse o cenário mais provável, como sempre foi o caso em eleições anteriores. Entretanto a própria esculhambação institucional pós-2018 gerou a PEC que mantém o presidente no jogo“.
“Mesmo se Bolsonaro for para o segundo turno contra Lula, as projeções não lhe são favoráveis. (…) Apoiar Bolsonaro é correr o risco de chegar em um provável terceiro governo Lula tendo tentado roubar a eleição do cara que ganhou“, escreve Barros. “É declarar guerra contra o STF e a imprensa, que têm boa memória“.
“As coisas podem mudar, mas, no momento, o quadro é o seguinte: o auxílio trabalha por Bolsonaro, o golpismo trabalha contra. Portanto o efeito do auxílio precisa ser grande o suficiente para Jair voltar a acreditar que pode vencer sem golpe. Não é fácil“, pontua Celso Rocha Barros.
