Olaf Scholz fala a repórteres após a votação em uma seção eleitoral em Potsdam, neste domingo (26). O presidente do SPD disse que espera que o povo alemão lhe dê o mandato para se tornar o próximo chanceler | Foto de John Macdougal / AFP / Getty Images | O presidente do Brasil discursa na Assembleia Geral da ONU, na semana passada. Ao fundo, a Amazônia em chamas | Sobreposição de imagens
PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO
O social-democrata é presidente do SPD, partido favorito nesta eleição e que tem grande tradição de integração com a centro-esquerda do Brasil. Scholz demonstrou confiança de que o povo alemão lhe dará o mandato para se tornar o próximo chanceler da Alemanha
Na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz poderá assumir o lugar de Angela Merkel após o resultado da eleição deste domingo (26). “Espero que o maior número possível de cidadãos vá às urnas e deem o seu voto e viabilizem o próximo Chanceler Federal da República Federal da Alemanha”, disse o candidato presidente do SPD, partido considerado pela grande mídia como de esquerda, que também “tem grande tradição de integração com a centro-esquerda” do Brasil, de acordo com avaliação de Mathias Alencastro, pesquisador da Cebrap e doutor pela Universidade de Oxford.
Annalena Baerbock, 40, candidata do Partido Verde, também falou depois de votar em sua cidade natal, Potsdam. Ela também pediu ao povo que votasse com o objetivo da entrada do país em “nova era” e disse que a democracia é muito importante:
“Nesta eleição, cada voto conta, como vimos nas últimas semanas e como é apertado. Esperamos, é claro, mais alguns votos em vista dos resultados da pesquisa para que possamos criar um verdadeiro recomeço neste país”, disse Baerbock.

Pesquisas de opinião realizadas na semana anterior apontaram o SPD (Partido Social-Democrata) com uma pequena vantagem sobre a aliança conservadora de Angela Merkel, representada pela candidatura de Armin Laschet.

É improvável que uma vitória de Olaf Scholz, que é ministro das Finanças de Angela Merkel, traga rupturas, haja vista que o SPD é partido integrante minoritário da coalizão no poder. Cientistas políticos alemães consideram que um governo Scholz seria uma continuidade. A única distinção seria a busca por consolidar algumas poucas propostas que vão na contramão da classe mais elitizada, como aumento de impostos aos mais ricos e algumas mudanças importantes para a América Latina e o Brasil.


“Os social-democratas devem ter uma orientação mais universalista do que Merkel”, avalia à BBC News Brasil o cientista político Mathias Alencastro, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e doutor pela Universidade de Oxford. A chanceler manteve-se distante da América Latina em favor dos laços alemães fortes com a Europa e a Ásia.
“Talvez Scholz olhe a América Latina e o Brasil com mais interesse, porque (seu partido) SPD tem grande tradição de integração com a centro-esquerda daqui”, diz Alencastro ao antever no eventual governo do socialdemocrata ainda mais ênfase nas mudanças climáticas como um pilar da diplomacia alemã.
Na avaliação do cientista, aumentar-se-ia ainda mais a pressão europeia sobre o avanço do desmatamento brasileiro registrado sob o governo de Jair Bolsonaro.
Isso pode ser reforçado com o Partido Verde alemão, atualmente em terceiro lugar nas pesquisas de opinião e que pode acabar compondo uma futura coalizão do governo no país.