O mundo entrou em uma nova era de energia marcado pela preocupação com a segurança energética, as alterações climáticas e o acesso dos pobres aos serviços energéticos modernos. O caminho da energia atual não é sustentável. O dióxido de carbono proveniente da produção e utilização de energia representa cerca de 65% das emissões globais e com as políticas atuais é estimado um aumento de um terço em 2020. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a demanda mundial de energia vai aumentar em 45% até 2030, com países em desenvolvimento responsáveis por 87% desse aumento. A energia renovável mantém a promessa de um mundo de energia de baixo carbono. Por sua vez, a segurança energética, as alterações climáticas e o acesso universal a serviços energéticos modernos serão os três principais motores de um futuro brilhante para a energia renovável.
Uma década atrás, o futuro da energia renovável parecia muito diferente do que é hoje. Ninguém imaginava, então, que 70% da nova capacidade energética adicionada na Europa seria renovável, que é o que aconteceu em 2011. Ninguém imaginava que a China iria de um jogador menor a líder global em apenas seis anos, ou que os países em desenvolvimento se tornariam lar de mais de um terço da capacidade de energia eólica global.
Durante a última década, a evolução das políticas e mercados para a energia renovável tem sido notável. Investimento global em capacidade de energia renovável atingiu um recorde de US$320 bi em 2011 em comparação com apenas US$40 bi em 2004, e superou o investimento em combustíveis fósseis e energia nuclear combinado. Pelo menos 144 países agora têm metas de energia renovável e 138 países têm políticas de apoio às energias renováveis; mais de 22% da produção de energia do mundo agora vem de fontes renováveis. Medidas de longo prazo para garantir a segurança nacional esforçam-se para reduzir a dependência de combustíveis importados, reduzindo a demanda por meio da conservação e do desenvolvimento de fontes domésticas de energia.
O que antes parecia um sonho está se tornando realidade – com as energias renováveis do mundo agora se pode vislumbrar a perspectiva de uma economia em grande parte dependente da energia limpa em abundância, doméstica e acessível. Nos países em desenvolvimento os telefones celulares ultrapassaram as linhas fixas ao mesmo tempo em que a energia fotovoltaica começa a ultrapassar os combustíveis fósseis. De acordo com The Economist, em vários países que utilizam eletricidade gerada por uma rede de energia solar fotovoltaica já têm seus preços competitivos com o carvão e o gás natural. No fim de 2013 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou seu 5º relatório de avaliação que mostra claramente que os impactos do clima estão se desenvolvendo em todo o mundo, afetando todos os continentes e oceanos, com crescentes riscos particularmente para os países em desenvolvimento. Muitos acreditam agora que as mudanças climáticas, que já foram consideradas um problema para um futuro distante, estão rondando e se aproximando rapidamente do presente. Problemas decorrentes tendem a piorar substancialmente, a menos que as emissões de CO2 sejam controladas em tempo hábil a fim de limitar o aumento da temperatura neste século para menos de 2 graus Celsius. De acordo com o IPCC, manter o aumento da temperatura abaixo dos 2 graus exigirá novos padrões de investimentos bem como a adoção de uma economia de baixo carbono, com uma participação muito maior de energia eólica e solar. E a energia renovável também deverá desempenhar um papel significativo na melhoria do acesso dos pobres aos serviços energéticos modernos pois mais de 1,3 bilhão de pessoas não têm acesso à eletricidade. Reconhecendo a importância e a urgência de tais desafios, o secretário-geral da ONU, anunciou em 2011 a “Energia Sustentável para Todos”. A iniciativa visa mobilizar a ação global em apoio a três objetivos vinculados, a serem alcançados até 2030: 1) Garantir o acesso universal a serviços energéticos modernos; 2) Dobrar a taxa global de melhoria em eficiência energética; e 3) A duplicação da quota das energias renováveis no cabaz energético global. A iniciativa já está operacional e a Década da Energia Sustentável para Todos foi lançada em 9 de abril deste ano pela Assembleia Geral da ONU. Fundamental para garantir um futuro sustentável, acessível e amigável ao clima para esta e outras gerações futuras, a ideia é incentivar a capacidade, em indivíduos e instituições, para a administração da geração e utilização de energia. Somente através da mudança impactante e em grande escala para a energia renovável é que o mundo entrará neste ciclo virtuoso.
fonte: unfoundationblog.org
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