A bolsonarista posa com camiseta e pistola para selfie, que foi exibido na TV após ela sequestrar a própria mãe e deixá-la em clínica psiquiátrica, mesmo não tendo nenhum problema
“Uma mulher do Rio resolveu sequestrar a própria mãe e interná-la compulsoriamente em uma clínica psiquiátrica de Petrópolis, mesmo a mãe não tendo nenhum problema psiquiátrico. A motivação foi financeira”, afirmou no Twitter o advogado Rodrigo Mondego sobre Patrícia de Paiva Reis, que também responde a cinco processos por calúnia, estelionato, extorsão e furto em veículo, entre 2019 e 2020.
Ela e o companheiro Rafael Machado foram presos por policiais da 9ª DP (Catete), na Zona Sul do Rio, na sexta-feira (24/2). A idosa estava desde o dia 6 de fevereiro internada na Região Serrana, após ser sequestrada na saída de uma agência bancária. Dois homens a colocaram em uma ambulância.
“Essa da foto é a criminosa. NUNCA FALHA!“, afirmou Mondego em seu tuíte, que mostra a imagem da criminosa, exposta na TV.
Ela usava uma camiseta com a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro enquanto empunhava uma pistola:
Uma mulher do Rio resolveu sequestrar a própria mãe e interná-la compulsoriamente em uma clínica psiquiatra de Petrópolis, mesmo a mãe não tendo nenhum problema psiquiátrico. A motivação foi financeira.
Segundo a polícia, a vítima chegou a pensar que era uma “saidinha de banco” ou sequestro relâmpago, mas percebeu a trama quando o sequestrador disse que “era uma coisa de família”.
As investigações apontaram que a motivação do crime se deu devido à denúncia, feita pela idosa, sobre maus-tratos a dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav). A mãe da criminosa acabou sendo sequestrada poucos dias depois da denúncia.
Segundo os médicos, a vítima não tem problemas psiquiátricos nem necessidades terapêuticas e o delegado Felipe Santoro explicou que iniciou “diligências tão logo” recebeu “a informação de que uma idosa lúcida e sem nenhuma doença física ou mental estava sendo mantida em privação de liberdade em uma clínica”.
Santoro disse ainda que “após a prisão dos familiares que haviam determinado a internação”, uma investigação seria feita para apurar “a conduta de médicos, enfermeiros e demais funcionários desses estabelecimentos a fim de entender a responsabilidade de cada um nesses crimes”.
Depois da declaração de Santoro, a polícia interditou duas clínicas psiquiátricas em Petrópolis, na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, para onde Maria Aparecida Paiva levada e internada à força, como parte de um plano da própria filha e genro.
Às 11h os agentes chegaram à Clínica Revitalis, no distrito de Araras e, depois, à clínica Vista Alegre, localizada em Correias, conforme mostrou o g1. O objetivo era desqualificar a vítima para ficar com parte da pensão dela. Agora, Santoro investigará a conduta dos médicos que atenderam Maria Aparecida.
Um deles é a médica Aline Cristina Correia, que assinou o laudo para a internação da vítima, atestando que a idosa tinha apresentado quadro depressivo grave e recorrente e delírio, mas nada disso foi confirmado. Ela e o diretor da Revitalis serão intimados a depor.
Maria Aparecida afirmou em depoimento que “estava saindo do banco e uma ambulância, na mesma calçada” a “pegou e jogou dentro”. Ela disse também que um rapaz falou: “Nós vamos pra Petrópolis, porque lá é melhor”. Aparecida perguntou: “Mas quem tá fazendo isso?”. A pessoa respondeu: “Sua família”.
Ela prosseguiu dizendo que ficou “desesperada, gritando, gritando” e que depois chegaram a Petrópolis e a “botaram num quarto, trancado, sem janela, sem nada”, onde permaneceu por “três dias”, até que recebeu uma visita da filha e achou que ia ser liberada, mas na verdade foi apenas transferida.
“Desci toda feliz, porque achei que ia embora, quando cheguei lá ela falou que ia pra outra clínica“, lamentou.
Maria disse que a filha ficou com raiva porque ela denunciou que estava maltratando os netos. Além disso, ela vê uma questão financeira: “Tem questão financeira envolvida também, porque ela tem medo de perder a pensão do filho dela e se essa denúncia vai pro processo ela perde, porque o pai está pedindo a guarda do filho“, acrescentou no depoimento à polícia.
“Olha, eu fico muito triste. Nunca pensei que isso fosse acontecer. Isso é tão verdadeiro, envolvido no dinheiro, porque no dia que ela me botou na clínica, ela contratou duas faxineiras, limpou meu apartamento e já alugou o apartamento“, disse MariaAparecida, sobre o imóvel que, segundo ela, foi alugado para o Carnaval.
“Não tenho raiva, só tristeza“, concluiu.
Patrícia de Paiva Reis tem uma extensa ficha policial, respondendo a cinco processos por calúnia, estelionato, extorsão e furto em veículo, entre 2019 e 2020. Ela também é investiga em dois processos, nas delegacias do Catete e do Leblon, sob suspeita de falsas acusações contra ex-namorados enquadrados na Lei Maria da Penha. Um deles foi exposto em uma rede social de Patrícia em uma campanha contra a violência doméstica.
A polícia, entretanto, suspeita que as acusações sejam inverídicas e que Patrícia chegava a enviar cartas para si mesma como se fosse de ex-companheiros descumprindo medidas protetivas. Além disso, Patrícia já tinha tentado internar a mãe, pelo SAMU, em 27 de janeiro. Mas o plano não deu certo. A equipe não constatou nada de errado com Maria Aparecida.
Em relatório, a equipe do SAMU que atendeu ao chamado da filha de Maria Aparecida informou que a paciente, que apresentava discurso coeso, linear e coerente, sem presença de delírios ou algo que sugerisse transtorno psiquiátrico de agressividade. Para a equipe, a vítima, Maria Aparecida estava retraída e disse ter medo da presença da filha.
Contou que a relação entre as duas era conturbada. E que Maria Aparecida aceitou ser examinada apresentando sinais vitais estáveis, sem alteração no exame físico.
A equipe relatou que ao sair do prédio, foi abordada por duas moradoras e pelo porteiro, que disseram que a mulher nunca apresentou alterações mas falaram que a filha, Patrícia, fazia ameaças à mãe e que com frequência acionavam os bombeiros e a PM para intervir na comunicação entre as duas.
Raphael, O irmão do companheiro da criminosa, Rodrigo Machado Costa Neves, também viveu situação similar a de Maria Aparecida e tudo foi registrado pelas câmeras. No dia 18 de fevereiro do ano passado, ele foi surpreendido e imobilizado na frente de casa por uma equipe contratada por ele e Patrícia.
Rodrigo morreu de forma suspeita 7 meses depois, no 20 de setembro 2022. No CER (Coordenação de Emergência Regional) Professor Nova Monteiro, no Leblon, a médica que atestou a morte informou que a possível causa seria por intoxicação. No IML (Instituto Médico Legal), a certidão de óbito apontou a necessidade de exames de laboratoriais.
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