Apesar de 9 presidentes envolvidos em escândalos de corrupção terem assinado nota de apoio a Javier Milei, mesmo assim o inelegível “não assinou, e sequer foi convidado a assinar (…) porque sua imagem “é péssima” no país vizinho, escreve Rogério Tomaz Jr
“O partido de Javier Milei (La Libertad Avanza) está se regozijando de uma nota de apoio assinada por 9 ex-presidentes* e um Prêmio Nobel (claro, o Mick Jagger da política, Mario Vargas Llosa)“, escreve em seu perfil no ‘X’ o jornalista Rogério Tomaz Jr.
De acordo com seu texto longo em um fio na plataforma, as figuras, e o resumo da ficha corrida de cada um, são, enumeradamente, conforme a seguir:
1. Maurício Macri: a lista de escândalos e crimes de Macri e família (o pai deu calote em Santa Catarina nos anos 90 num processo que superava US$ 200 milhões) é gigantesca, mas aqui deixo um simples exemplo do nível de bandidagem desse sujeito, que só está livre porque controla o Judiciário argentino.
Quando foi presidente, Macri simplesmente decidiu “perdoar” 99% da dívida que a massa falida de uma empresa da família tinha com o Estado.
Na época, a dívida em dólares era de US$ 4,5 bilhões. Após a péssima repercussão, Macri voltou atrás na medida.
2. Ivan Duque (Colômbia): ao longo da presidência e após o mandato, Ivan Duque teve que conviver com suspeitas e fortes indícios de vínculos com narcotraficantes.
As investigações seguem, mas o Judiciário colombiano não toca nos próceres do uribismo [relativo ao ex-presidente Álvaro Uribe] e os motivos não dá pra detalhar aqui.
3. Andres Pastrana (Colombia): além de numerosos escândalos de corrupção que marcaram seu governo, Pastrana também é suspeito e investigado por ligação com narcotraficantes.
Outro uribista intocável pela Justiça colombiana.
4. Mariano Rajoy (Espanha): esse é bizarro.
O cara foi DERRUBADO do governo por um escândalo de corrupção e, em vez de sumir da vida pública, resolve assinar manifesto de apoio a um candidato a presidente da extrema-direita.
Milei, aliás, é muito mais próximo ao Vox (outro antro de corrupção), mas o ex-líder do PP não teve vergonha na cara e assinou a carta de apoio.
5. Jorge Quiroga (Bolívia): esse, além de ter sido o mentor do golpe que causou dois massacres e a morte de dezenas de bolivianos em 2019, teve prisão domiciliar decretada após sair da presidência, num processo que investigou corrupção em contratos milionários do governo com empresas petrolíferas.
6. Sebastián Piñera (Chile): existem muitos casos de corrupção dos dois governos de Piñera, mas o seu legado mais indigno foi o assassinato de dezenas de pessoas (o número real até hoje é incerto, mas passa da casa dos 30) e mais de 400 que perderam um ou os dois olhos pelos disparos (muitos à queima-roupa) dos carabineros durante os protestos de 2019.
Esse é uma ótima inspiração para Milei, sem dúvida alguma.
7. Vicente Fox (México): símbolo de corrupção, Fox é o Collor de Mello mexicano.
Não precisa dizer mais nada, né?
8. Felipe Calderón (México): além de inúmeros escândalos de corrupção fartamente comprovados, Calderón foi denunciado por ligações com o narcotráfico mexicano.
Outra figura muito boa pra ter como apoiador, hein @JMilei ?
9. O nono seria Luis Fortuño, ex-governador de Porto Rico, cuja administração também foi marcada por escândalos de corrupção de explosão da dívida do estado, mas o que chama a atenção é a pachorra de incluírem um desconhecido ex-governador de uma ilha sem autonomia para nada numa carta assinada por ex-presidentes.
Por aí vocês tiram o nível do desespero da turma do Milei.
E o Bolsonaro… por que não assinou?
Segue abaixo o que consegui apurar.
Embora já tenha declarado apoio a Javier Milei, Jair Bolsonaro não assinou (e sequer foi convidado a assinar) a carta de apoio ao candidato da extrema-direita na Argentina.
Isso ocorreu porque a imagem de Bolsonaro é péssima na Argentina e a campanha de Milei sabe disso muito bem.
Prova disso é que não se viu qualquer foto do candidato com Eduardo Bolsonaro – que estava em Buenos Aires – nos dias próximos da eleição de 22 de outubro.
Ninguém quer chegar perto do amigo dos milicianos.
ELEIÇÕES NA ARGENTINA
Os candidatos à Presidência da Argentina que disputam o segundo turno das eleições, Javier Milei (La Libertad Avanza) e Sérgio Massa (Unión por la Patria), participam do último debate na televisão neste domingo (12/11).
O debate acontece a partir das 21h, (horário de Buenos Aires e Brasília) e será transmitido no canal da Cámara Nacional Electoral (CNE) no YouTube. O debate também será exibido em todos os meios de comunicação pública argentina.
Em formato de pool, o debate será moderado pelos jornalistas Luciana Geuna (Canal 13), Pablo Vigna (TV Pública), Érica Fontana (cna) e Antonio Laje (América); dois homens e duas mulheres, respeitando a paridade de gênero.
Em caso de ausência de um dos candidatos, a Cámara Nacional Electoral (CNE) informou que será deixado um lugar vazio enquanto o outro candidato terá a oportunidade de apresentar as suas propostas de governo e questões que perguntaria ao adversário.
Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira (10) mostrou Javier Milei à frente nas intenções de votos úteis do segundo turno, com 52,1%. Sergio Massa teve 47,9%.
Para Alberto Pfeifer, coordenador geral do DSI da USP, o grupo de análise de Estratégia Internacional, o debate sempre “poderá trazer alguma reviravolta” ao pleito.
“A reviravolta pode vir se houver descontrole de algum dos candidatos, se algum for pilhado em situação de desconforto, mas não pela apresentação de novas propostas”, comentou, conforme transcrito pela ‘CNN Brasil‘.
Eixos temáticos, blocos e ordem
Os eixos temáticos do encontro – definidos por sorteio – serão os seguintes: economia, relações da Argentina com o mundo, educação e saúde, produção e trabalho, segurança, direitos humanos e convivência democrática.
Além disso, por meio de sorteio realizado em audiência pública com o objetivo de garantir transparência e equidade de tratamento e oportunidades, foram definidos os blocos e a ordem dos palestrantes.
Assim, Sergio Massa abrirá o primeiro bloco com um minuto para abertura e apresentação, e Javier Milei intervirá posteriormente.
Em seguida, virão os eixos temáticos de 12 minutos. Portanto cada candidato terá seis minutos que administrará de acordo com sua conveniência. Milei falará sobre economia, seguido por Massa, que por sua vez começará pelo eixo temático das relações da Argentina com o mundo. Por fim, Milei começará pelo eixo saúde e educação.
O segundo bloco será inaugurado com intervenção de Massa sobre produção e trabalho; Milei iniciará o eixo de segurança e Massa reabrirá na temática de direitos humanos e convivência democrática. Por fim, Massa dará início ao terceiro bloco, dedicado às considerações finais.
A CNE confirmou à CNN que não deverá haver interrupções entre os candidatos e que cada um deles só poderá falar quando o outro terminar a sua ideia, durante não mais de dois minutos de cada vez.
Porém, de acordo com o documento oficial com as regras do debate, “quando um candidato termina de falar, o outro candidato tem automaticamente a palavra”. Por fim, se ambos os candidatos falarem ao mesmo tempo, o relógio continuará a contar para ambos.