Empresa da Arábia Saudita havia oferecido 30 milhões pela sucata, que seria desmontada ecologicamente para aproveitamento de “cada pedaço”
A Marinha do Brasil afundou no Oceano Atlântico, nesta sexta-feira (3/2), um porta-aviões carregado com 9,6 toneladas de amianto e 644 toneladas de tintas contendo microplásticos e outros resíduos altamente tóxicos ao meio ambiente, após uma empresa da Arábia Saudita ter oferecido 30 milhões pela sucata.
O afundamento ocorreu a 350 quilômetros da costa brasileira e a 5 mil metros de profundidade, disse a força em um comunicado. A embarcação de 266 metros de comprimento foi descrita pela associação Robin Hood como um “pacote tóxico de 30 mil toneladas”.
O Ministério Público tentou sustar a operação por meio de processos judiciais, tendo alertado para as consequências da substância com potencial tóxico e cancerígeno, o amianto, bem como os outros materiais perigosos, com “risco de danos ambientais graves […] em particular porque o casco está danificado”, conforme disse o órgão.
O Greenpeace, Sea Shepherd e Rede de Ação de Basileia denunciavam “violação de três tratados internacionais” sobre o meio ambiente, pois a submersão vai provocar “danos incalculáveis“, com “impactos na vida marinha e nas comunidades costeiras.
Mas um juiz do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife (PE), considerou que o casco da embarcação afundaria espontaneamente em breve e ainda poderia colocar em perigo a vida de eventuais tripulações de reboques. Ele autorizou o afundamento, mesmo considerando a decisão “trágica e lamentável“.
Contudo, o que impressiona é o fato de que a empresa Sela Trading Holding Company, da Arábia Saudita, disse que enviou para a Marinha do Brasil uma proposta de R$ 30 milhões para comprar o casco do antigo porta-aviões São Paulo.
A Sela é uma empresa que atua em todo o mundo com navios, marinas e outras atividades no setor naval e estava disposta a arcar com todos os custos operacionais para ficar com o ex-porta-aviões, conforme disse ao g1 o advogado da empresa, Alex Christo Bahov, afirmando à mídia que chegou a enviar um e-mail para a Marinha do Brasil, na segunda (30/1), quando argumentou sobre o interesse de compra.
Bahov disse, antes do afundamento, que a proposta havia sido feita e estava valendo, mas ele não recebeu resposta da Marinha. O advogado explicou que a Sela Trading tinha planos para “dar o destino adequado” para cada parte do antigo porta-aviões, que seria levado a “um estaleiro especializado em desmanches“, sob “as leis de proteção ao meio ambiente“, onde seria submetido a “reparos” para “aproveitar cada pedaço”.
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