‘LULA só vence com Ciro, Doria e Tebet. Existe democracia e pacto civilizatório ou o fim disso’

Não deve ser uma candidatura da esquerda, mas sim uma candidatura da união nacional”, diz Randolfe Rodrigues, alertando que se não for assim, Bolsonaro será reeleito

Randolfe Rodrigues afirmou, em entrevista ao portal de notícias Metrópoles, que deve haver uma tomada de consciência por todos, para uma união contra tudo o que o bolsonarismo representa de pior, em todos os sentidos, e que essa compreensão deve partir também da campanha de LULA e abranger todos os democratas: “Tem que ser de todo mundo”.

O senador acha que LULA só vencerá Bolsonaro com a união de Ciro Gomes, João Doria, André Janones, Simone Tebet, “todos”.

Ele exalta que “existe democracia e pacto civilizatório ou o fim disso“.

O congressista insiste que “não deve ser uma candidatura da esquerda, mas sim uma candidatura da união nacional”, diz Randolfe Rodrigues, alertando que se não for assim, Bolsonaro será reeleito.

O senador diz que o presidente Jair Bolsonaro “organizou um bloco de poder militar e parlamentar, que é para durar“. Ele e o bolsonarismo “vieram para a esculhambação completa das instituições, com o “velho Centrão …”no centro da constituição desse governo“.

O congressista alerta: “Se a esquerda, os progressistas, os democratas, os republicanos e os liberais não se esquecerem dos rancores que os dividiram no passado e não compreenderem que têm um papel imediato em combater essa estratégia, Bolsonaro vai ser reeleito. Ele trabalha com três pilares: a mentira; a intimidação de políticos, jornalistas, ministros do STF, sociedade civil; e o suborno, para aprovar auxílios de última hora, reajustes salariais perto da eleição e tudo mais que for necessário para ganhar”.

Para Randolfe, o antídoto seria a união de todos em torno do nome de LULA: “Os democratas devem esquecer os rancores do passado. O ano de 2018 foi a eleição da antipolítica. Chegou a hora de fazer a boa política na melhor expressão do termo. Se prevalecerem rancores ou purismos nesses momentos, terminaremos no ostracismo ou na prisão, nunca na conquista do poder político”, diz.

Se democratas, liberais e setores da esquerda não compreenderam isso e não construírem alianças, eu temo que será muito difícil derrotar o Bolsonaro, porque ele não existe por si só, ele é o representante de um movimento, do bolsonarismo“.

O senador explica melhor, ao ser solicitado pelo jornalista Guilherme Amado: “O bolsonarismo se profissionalizou com o Centrão e trouxe o Centrão para o núcleo de decisão política. É um bloco de poder de bandidos, cínicos, autoritários de toda a espécie, gente que está no poder há muitos governos, agora aliado aos militares”.

Assusto-me”, prossegue o senador, “porque parece que a sociedade passou a perceber isso como o novo normal. Se não derrotarmos Bolsonaro este ano, temo não termos um retorno ao pacto civilizatório que fundou a Nova República”.

Entendo que a Nova República acabou com a eleição do Bolsonaro. Precisamos voltar a ela, voltar ao que foi construído após a Constituição de 1988, com MP independente, PF autônoma, instituições funcionando, liberdade de imprensa, estrutura de transparência de combate a corrupção, federalismo, instituições democráticas”, diz Randolfe… “Se não derrotarmos agora, tudo isso será uma lembrança tão distante como o Golpe de 1964 tinha passado a ser durante a Nova República. E isso será trágico para o Brasil“.

Segundo Randolfe, a técnica seria a “formação de palanques, de aliança com os partidos que devem apoiar“, “ter diálogo direto com o povo, estar presente na rua, dialogar com a sociedade civil” e “LULA tem que se apresentar como o Lula de 2022. Precisamos menos do Lula de 1989 e mais do de 2022. O LULA de 2022 é o candidato da reconciliação do Brasil, da união nacional, do governo da transição e do restabelecimento da ordem democrática”.

Quem é de direita, quem é democrata, quem é social democrata, renuncie as diferenças para daqui a quatro anos”, orienta o senador. “Nós vamos fazer a transição”.

“Alguns argumentam que o PT errou em 1985, quando não apoiou a chapa de Tancredo Neves. Essa é uma crítica verdadeira e acertada. É o mesmo que não apoiar a chapa Lula e Alckmin neste ano. Não apoiar a chapa agora, por alguma eventual divergência, pode estar colocando a perder o que nós temos de democracia”, argumenta Randolfe.

E acho que a própria campanha de LULA, faço uma autocrítica porque eu estou nela, tem que ir para a rua, chamar a sociedade para conversar, chamar os atores nacionais, conversar com todo mundo. Conversar com os sem-terra, mas conversar com o agronegócio. Conversar com bancário, mas tem que conversar com banqueiros. Conversar com os rincões da Amazônia e com a Zona Sul do Rio de Janeiro. Tem que caminhar pelo Nordeste, mas também pelo Sul. Conversar com o chão de fábrica e com a Faria Lima. Tem que conversar com a mídia alternativa, mas também com a Globo e a Record. Não deve ser uma candidatura da esquerda, mas sim uma candidatura da união nacional“.

O senador diz que LULA “tem que dizer que o governo dele vai ser o governo que o jornalista vai poder trabalhar tranquilamente dentro do Palácio do Alvorada e que jornalista não vai correr o risco de agressão ao acompanhar o presidente em exercício do seu fazer, do seu ministério”.

“O Brasil nunca precisou tanto do Lula de 2002 como precisa agora”, diz o senador. “A gente precisa dele para lançar o Brasil no século 21. O Brasil iniciou bem o século 21 e teve um intervalo medieval, que foi o governo Bolsonaro. O Lula tem que ser a transição, e ele tem que ter essa consciência de que tem que ser um governo de união nacional, para devolver o Brasil ao século 21“.

O Brasil está precisando do Lula pra fazer essa transição”, insiste o senador. “Trata-se do Brasil agora. A campanha tem que ser ampla e tem que ter presente um comando de campanha amplo, que represente a diversidade do momento.

“No palanque das Diretas Já, em 1984, em que o próprio Lula participou, estavam Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Brizola, Mário Covas, mas estava lá também a dissidência do PDS. É esse o palanque que precisamos agora, e precisamos de um comando que represente essa pluralidade. Se o comando não for para o campo com essa pluralidade, ninguém está entendendo o que estamos vivendo”, diz.

É chegado o momento de ser chamada a responsabilidade de todos, de todos. O PT tem que ter consciência do que está se passando, e as lideranças políticas, inclusive mais experientes que eu, devem entender que não há espaço para segundo turno nesta eleição. O segundo turno é no primeiro”, argumenta o senador.

“O Moro entendeu isso claramente, e já fez o movimento de retorno para onde ele veio. Ele é produto do bolsonarismo, nunca esteve comprometido com o campo democrático, e voltou para o lugar dele”.

A candidatura do Ciro Gomes não é uma candidatura antagônica e inimiga, e o gesto de diálogo e generosidade tem que partir da campanha do Lula, que está na frente. A campanha da Simone Tebet, do MDB, não é uma campanha inimiga, e também deve partir da campanha do Lula o gesto de generosidade para dialogar com ela”, diz.

Eu diria até que nem a candidatura de Doria e Eduardo Leite são inimigas e antagônicas. A de Janone também. São candidaturas da democracia, do campo democrático, duelaram, polarizaram na política dos últimos anos, mas diante das ameaças fascistas não podem ser inimigas”.

Sobre a tomada de consciência, Randolfe explica:

Fui acompanhar a filiação de Túlio Gadelha à Rede. Terminado o ato, eu e o ex-deputado Maurício Rands fomos jantar. Estávamos com nossos companheiros. Túlio ia buscar Fátima Bernardes e ia encontrar com a gente. Eu, Rand e nossas companheiras chegamos antes e, no restaurante, um cidadão se levanta, vem na nossa direção e começa a nos agredir, a nos chamar de comunistas, a dizer que comunista é isso e aquilo. Numa agressividade feroz”.

Tivemos a solidariedade de todas as mesas ao redor, e o homem saiu do restaurante. Mas preferimos mudar de restaurante, porque pensamos que ele poderia estar com uma arma ou poderia ter saído para pegar uma arma. Era uma possibilidade concreta. Qual seria o tamanho da tragédia? “, indaga.

Quantas cenas como essa não vão acontecer a partir de agosto? Quantos agressores não vão estar com uma arma?”, questiona.

No passado, a agressão a um jornalista que fosse cobrir uma campanha era possível, mas não provável. Agora, não só é possível, mas provável. O risco de um jornalista cobrir a eleição de Jair Bolsonaro e ser agredido é muito grande. A agressividade deve ser ainda pior depois da publicação do resultado de uma eventual derrota”, sugere.

A tomada de consciência de que devemos nos unir contra tudo isso tem que ser minha, da campanha de LULA, tem que ser dos democratas, tem que ser de todo mundo”, pontua Randolfe Rodrigues.

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3 comentários em “‘LULA só vence com Ciro, Doria e Tebet. Existe democracia e pacto civilizatório ou o fim disso’”

  1. Maura Bezerra Vilar

    Bem , não acredito 100% nessa possibilidade do GENOCIDA GANHAR…
    ACREDITO que ELE só será eleito se for através de um GOLPE…e/ou se a DIREITA NAO ACEITAR O #LULA é tentar tb um GOLPE…

  2. Alcione Lima

    Falou tudo senador…, se ficarmos procurando uma terceira via… vamos acabar sem via nenhuma…e esses bolsonaristas fascistas tomam conta do nosso país Brasil… ACORDA POVO BRASILEIRO!… ACORDA POLÍTICOS BRASILEIROS!!…. ACORDA BRASIL!!!…

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