Lula: “Quero assumir compromissos, com a educação básica, com a saúde, com a questão da moradia

Mensagem por trás da mensagem do Presidente eleito, escrita em um tuíte matinal neste sábado, é sobre seu desafio de reconstruir a terra arradada deixada por Bolsonaro

O Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tuitou às 07h30 deste sábado (17/12), onde afirmou que, em seu terceiro mandato Presidencial, há mais compromissos a assumir com o povo brasileiro do que o compromisso que levou para Brasília em 2003, quando assumiu o Palácio do Planalto pela primeira vez.

Naquela ocasião, “eu disse que tinha um único compromisso. Queria que o povo pudesse comer 3 vezes por dia ao final do mandato“, revelou Lula na plataforma, hoje, sobre o que se tornou um de seus maiores legados nos dois mandatos entre 2003 e 2009: o programa Fome Zero, que substituiu o Programa Comunidade Solidária, instituído durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Incisivamente, indo às causas estruturais, Lula enfrentou a fome e da miséria que geram a exclusão social e, para garantir a segurança alimentar dos brasileiros, criou três frentes:

  • um conjunto de políticas públicas;
  • a construção participativa de uma Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
  • e um grande mutirão contra a fome, envolvendo as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e todos os ministérios.

Em 2003, quando Lula assumiu, existiam 44 milhões de pessoas ameaçadas pela fome. O Programa Fome Zero consistia num conjunto de mais de 30 programas complementares dedicados a combater as causas imediatas e subjacentes da fome e da insegurança alimentar, implementados pelo ou com o apoio do governo federal.

Após o pior governo brasileiro até o momento, o do candidato derrotado em sua tentativa de reeleição, o que tornou o ainda presidente Jair Bolsonaro o primeiro chefe de Executivo a não conseguir um segundo mandato sequencial exatamente porque governou somente para seus aliados, Lula disse hoje que quer “assumir outros compromissos, com a educação básica, com a saúde, com a questão da moradia“.

No quesito Educação, Bolsonaro conseguiu a “pior [gestão] da história” do Brasil, conforme também avaliado pela presidente-executiva e co-fundadora da ONG (Organização Não GovernamentalTodos pela Educação, Priscila Cruz: “Essa foi a pior gestão da história do país”, afirmou, segundo transcrição no portal Poder360. “Tivemos uma sequência de ministros que um foi sendo pior que o anterior. Então tivemos ministros muito ruins. Equipes lá dentro do Ministério da Educação absolutamente pautados pela guerra ideológica e pela guerra cultural”.

Quanto à Saúde, a pasta teve seu desmonte iniciado, já no primeiro ano do governo Bolsonaro. Conforme bem resumiu o portal Cendhec (Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social), o legado’ deixado pelo presidente inoperante inicia-se após o encerramento do programa Mais Médicos, criado em 2013, no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, e que supria a necessidade de atendimentos médicos nos municípios do interior do Brasil. Na sequência ocorreram inúmeros ataques ao SUS (Sistema Único de Saúde) e a diminuição de investimentos na área, acarretando no sucateamento de hospitais, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), além da falta de remédios, profissionais qualificados e exames. Além disso, durante a pandemia de Covid-19, enquanto a preocupação mundial era salvar a população, Bolsonaro ignorava as medidas de segurança da OMS (Organização Mundial da Saúde), debochando da dor das famílias enlutadas, além de ter recomendado, charlatanescamente, o Kit Covid, com remédios sem eficácia comprovada cientificamente, enquanto a compra de vacinas contra a doença eram negligentemente retardadas, sem contar os supostos esquemas de corrupção sobre o assunto.

Por fim, sobre o último tema mencionado por Lula em seu tuíte matinal deste sábado, a questão da moradia também teve um desmonte significativo durante a gestão Bolsonaro. Uma publicação do Portal Vermelho detalha a má gestão com desmonte das políticas de habitação social no país, com a exclusão sumária das famílias de baixa renda dos programas habitacionais do governo federal. A extinção do programa Minha Casa Minha Vida foi nociva para o desenvolvimento da economia nacional, sobretudo por ignorar a alta capacidade do programa de gerar emprego, renda e tributos, com benefícios como a redução do déficit habitacional de 7,78 milhões de moradias no país. O Casa Verde e Amarela de Bolsonaro deixou de fora a faixa 1, justamente as famílias mais pobres, com renda de até R$ 1,8 mil, que o site considerou uma “versão disfarçada de política habitacional“. O governo federal deixou de fora os movimentos populares urbanos, mas estabeleceu diálogo com os setores empresariais da habitação e dos bancos.

Todo o conteúdo supracitado está implícito no que Lula afirma em seu tuíte deste sábado e aqueles que acompanham as notícias políticas e seus desdobramentos saberão identificar a mensagem contida em poucas linhas: “Hoje eu quero assumir outros compromissos, com a Educação básica, com a Saúde, com a questão da Moradia. Nós vamos cuidar do povo brasileiro. Bom dia!

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