Em discurso nesta sexta-feira (28), o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, atacou Sergio Moro ao comentar as desisões da justiça sobre sua parcialidade em processos que também envolveram o ex-presidente Lula.
“Eu não sou a favor de Lula e nem contra Lula. Mas o STF está chegando à conclusão de que infelizmente o ex-ministro Sergio Moro foi parcial. E, com essa decisão, evitou-se que o ex-presidente Lula disputasse a Presidência da República. Eu estou extremamente preocupado com os caminhos pelos quais o nosso país está seguindo. Como morrem as democracias? Aniquilando os adversários com o uso da máquina pública e cooptando as instituições“, disse o governador afastado.
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Na verdade, Witzel quis dizer que seu caso é comparável ao de Lula, ou seja, de perseguição política. O discurso realizado no Palácio das Laranjeiras, residência oficial para os governadores durante sua gestão do Estado, referia-se à decisão do STJ, que o afastou do cargo por corrupção pelo prazo de seis meses.
Witzel, curiosamente, abandonou a bandeira de sua campanha nas últimas eleições, quando o então pré-candidato a governador pegou carona no recém surgido fanatismo bolsonarista se aproveitando também das impressões populares que a Lava Jato causava no eleitorado como um todo.
O modelo da operação comandada por Moro teve a promessa para ser implantado no Estado do Rio de Janeiro.
Após o afastamento de Witzel, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, reabriu o trâmite para o processo de impeachment do governador afastado, qua havia sido suspenso.
As sentenças sem provas de Moro contra Lula acabaram por condenar o ex-presidente, que ficou preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba, por mais de um ano e meio. O objetivo era tirá-lo da disputa presidencial nas eleições de 2018.
Também hoje, a defesa de Lula pediu a Gilmar Mendes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que dê atenção especial ao julgamento da suspeição de Moro sob o argumento de que a ação pedindo a anulação de todos os casos do então juiz contra o ex-presidente tem sido suspensa desde que o habeas corpus foi levado à Corte em 1 de novembro .
A defesa citou anulações de decisões do ex-ministro da Justiça pela Segunda Turma da Corte, bem como pelo TRF-4.
O ex-presidente também questionou os motivos por trás dos editoriais de grandes jornais pedindo pela interrupção do julgamento no STF que pode devolver seus direitos políticos.
Por meio de sua assessoria de imprensa do site PT na Câmara, o ex-presidente diz que “somente agora, quase dois anos depois, O Globo e O Estado de S. Paulo usaram seus editoriais para tratar dessas gravíssimas denúncias. Mas não para destacar a necessidade de lançar luz sobre esses fatos“.
A nota do PT diz que o STF precisa aproveitar a oportunidade vivida pela Corte para restabelecer sua credibilidade perdida durante os abusos da Lava Jato e dar resposta contrária ao “apelo quase desesperado” que os jornais “fazem aos ministros do Supremo (…) para que não façam justiça, não cumpram com seu dever”.
Lula ainda disse, por meio da nota de sua assessoria, que tanto o Globo quanto o Estadão “tornaram-se prisioneiros das mentiras que construíram junto com Moro” e “são cúmplices” da “atuação político-partidária de setores do Ministério Público e do Judiciário ao longo dos processos“, no “chamado lawfare” que “utiliza as instituições da justiça e da democracia contra a justiça e a democracia“.
Os telejornais da rede Globo não exibiram o trecho do discurso do governador afastado, Wilson Witzel, no qual ele faz referência à democracia abalada pela parcialidade de Sergio Moro, visto no vídeo suprapostado, o que reforça a nota apresentada por sua assessoria de imprensa, especialmente na passagem que diz sobre “a deliberada manipulação da opinião pública por meio da mídia, tudo caracterizando a motivação política e eleitoral de Moro para perseguir Lula“.