Lula pede e Moro ouvirá operador de propinas da Odebrecht

A pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos responsáveis pela instalação do sistema Drousys, usado pela Odebrecht para comunicação sigilosa e segura entre os funcionários da empreiteira, presta depoimento quarta-feira (13) ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Paulo Sérgio da Rocha Soares é um dos delatores da construtora e será interrogado novamente em um processo chamado de incidente de falsidade, aberto para investigar recibos de pagamento de aluguel apresentados por Lula.

Os documentos seriam comprovantes de pagamento pelo uso de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP), tratado pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) como suposta propina da Odebrecht paga a Lula. A apuração foi aberta em decorrência de uma das ações penais da Lava Jato contra o ex-presidente, que trata do apartamento e também de um terreno comprado pela empreiteira e que seria usado como sede do Instituto Lula.

O depoimento de Soares está marcado para as 10 horas da manhã e será por videoconferência com a justiça de Campinas, no Interior de São Paulo.

De acordo com despacho do juiz, a defesa de Lula não esclareceu o propósito da oitiva de Paulo Soares, no entanto, Moro acatou o pedido do petista para garantir o direito à ampla defesa.

Na sexta-feira, dia 15 de dezembro, na mesma ação, serão ouvidos o engenheiro Glaucos da Costamarques e o contador João Muniz Leite.

Os novos depoimentos, feitos à pedido do MPF, têm como objetivo esclarecer contradições a respeito dos recibos.

Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, foi denunciado por ser o suposto laranja do ex-presidente na aquisição do terreno e do apartamento.

O ex-presidente apresentou os recibos de pagamento assinados por Glaucos em setembro deste ano. Parte do material tem erros e datas inexistentes, como “31 de novembro”.

No incidente de falsidade, o Ministério Público Federal investiga a autenticidade dos papéis. Glaucos tem afirmado que, em dezembro de 2015, foi visitado pelo advogado de Lula, Roberto Teixeira, no hospital Sírio Libanês.

Na ocasião, ele teria recebido o compromisso de que o ex-presidente passaria a pagar pelo aluguel do apartamento 121 do condomínio Hill House, ocupado por Lula.

O engenheiro alega ter recebido a visita do contador João Muniz, que teria levado todos os recibos para que assinasse de uma só vez.

Registros do hospital revelam que Glaucos foi visitado três vezes pelo contador. Mas nos registros não consta a entrada do advogado de Lula no Sírio Libanês para a visita.

Os advogados de Lula negam as acusações e afirmam que não há qualquer prova de que o ex-presidente recebeu propina.

Os procuradores justificaram o pedido de nova audiência com Costamarques e Leite alegando que os recibos de aluguel só foram entregues pela defesa de Lula na fase de diligências complementares e, por isso, a acusação não teve a oportunidade de questionar o engenheiro e o contador na fase de interrogatórios.

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