“Depois de tudo, Bolsonaro ainda não sofreu sequer uma denúncia. “Ministros dizem” que é o tempo judicial. Nesse “tempo judicial”, estaremos todos mortos“, argumenta Conrado Hübner Mendes
“A instituição “dizem ministros”, essa voz sem rosto, violadora da ética judicial, alimentada pelo jornalismo declaratório em off, revelou que “Bolsonaro ficará inelegível, mas não deve ser preso”. Quantos ministros integram a “dizem ministros” não sabemos, mas o recado insinua acordo informal de anistia. Informal e corrupto“, escreve o professor de direito constitucional da USP, Conrado Hübner Mendes, em artigo no jornal Folha de S. Paulo.
Segundo o doutor em direito e ciência política, “foram 30 anos de preparação de um político na delinquência, sob o olhar leniente de STF [Supremo Tribunal Federal] e Câmara dos Deputados“.
“A corrupção bolsonarista é um modo de vida (…) em família“, inicia o texto do professor, que recapitula sua narrativa escrita para o jornal, no ano passado, passando por ““rachadinhas”, assessores-fantasma, compra de imóveis com malas de dinheiro, decretação de sigilo irrestrito, apagão de dados, barras de ouro, kits robótica, orçamento secreto, assédio eleitoral, militarismo cleptocrático, milicianismo armamentista, fraude da vacina“.
Para Mendes, a série “não vai acabar“. Pois a volta de Bolsonaro ao Brasil pode representar “o primeiro capítulo de nova temporada“, a “depender do sistema de Justiça, cúmplice histórico da corrupção bolsonarista“, que sofreu “irresponsabilização (…) depois dos quatro anos de criminalidade serial e institucional“.
O que está ocorrendo é “descriminalização da política“, alerta o professor ao argumentar que “a redução do mundo da Justiça entre lava-jatistas (por heterodeclaração) e antilava-jatistas (por autodeclaração) tem nos induzido a uma idiotia sectária muito rentável a interesses empresariais e advocatícios. Arapuca que partidos progressistas compraram sem perceber. Tática cínica que o centrão adotou sabendo bem do que se trata“.
“Teve também uma intrincada tabelinha entre STF, STJ e TJ-RJ para inviabilizar a investigação das “rachadinhas” familiares. Assistimos invalidações monocráticas de demorados esforços de investigação contra Bolsonaro, o não acolhimento de ações de improbidade contra ministros bolsonaristas ou o simples engavetamento“, lembra o professor.
“Depois de tudo, Bolsonaro ainda não sofreu sequer uma denúncia. “Ministros dizem” que é o tempo judicial. Nesse “tempo judicial”, estaremos todos mortos“, argumenta o professor da USP.
No texto, Hübner Mendes também afirmou que “Bolsonaro (…) tem bloqueio cognitivo a abstrações do Estado de Direito. Não lhe importa a lei, mas quem a aplica. Quem possa ser intimidado, capturado ou absorvido no esquema. O fiscal do Ibama ou da Receita, o chefe da Polícia Federal, o procurador-geral da República, o desembargador, o ministro do STF ou do STJ: não há lei mediando relações, só aliados a premiar e inimigos a combater”.
Bolsonaro precisa ser preso. Ele matou mais de 600 mil.pessoas , ele estimulou o caos , lesa pátria . Cadê a justiça ??