O senador afirmou em entrevista que a resistência de militares a Lula se deve à “lavagem cerebral da Lava Jato” promovida pelo então juiz persecutor e hoje colega congressista
O senador líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jaques Wagner (PT-BA), afirmou, em entrevista publicada nesta terça-feira (7/2), no jornal Folha de S. Paulo, que terá que “respeitar” Sergio Moro como colega no Senado Federal apenas “em respeito ao povo que resolveu votar nele”
“Já cumprimentei e dei as boas-vindas. Vou tentar tratar dentro do padrão de civilidade que é próprio do Senado. Óbvio que vai ter embate de ideia, mas ninguém aqui em tese vai sair no soco nem na ofensa, espero“, afirmou Jaques Wagner, antes que dar risadas com os jornalistas Bruno Boghossian e Thaísa Oliveira, que produziram a matéria”.
“Fuçaram a vida do cara de cima para baixo. Não acharam, pelo que eu saiba, nenhum patrimônio escondido, conta no exterior, nada disso. Mas continuam chamando. [Foi] essa lavagem cerebral que foi feita como forma de conquista do poder. Isso entrou muito nas Forças, afirmou o senador.
Para o congressista, militares receberam “lavagem cerebral da Lava Jato” e, por este motivo, são resistentes ao atual chefe do Executivo: “Você vê a expressão de alguns: eu não vou bater continência para um corrupto. Para mim, o caldo maior é muito menos ideológico e muito mais em cima disso. Isso eu ouvi de gente lá de dentro“, disse Jaques Wagner.
O senador também argumentou que “nesses quatro anos, as Forças [Armadas] foram lideradas por um comandante-em-chefe [o ex-presidente Jair Bolsonaro] que teve uma postura totalmente não constitucional, tentando politizar as Forças Armadas, ideologizar as Forças Armadas“.
Jaques Wagner disse que “os atuais chefes militares têm essa compreensão de que é preciso voltar ao leito natural“, pois “passaram-se quatro anos com uma doutrina que está fora do texto constitucional” e que “o que precisa é voltar ao texto constitucional. Eles não são tutores da democracia brasileira“.
O senador observou que “um comandante de Exército fica sempre tentando mediar posições de alguns segmentos mais radicalizados“. Para Jaques Wagner, “tem uma coisa pouco falada. Quem ajudou muito toda essa questão [da politização] dentro das Forças foi infelizmente a loucura da Lava Jato e da cobertura de segmentos da mídia que queriam criminalizar o PT e o presidente Lula.
Jaques Wagner completou seu pensamento afirmando que “a relação das Forças com o presidente Lula foi a fase de maior reconhecimento técnico, profissional e salarial das Forças. O que aconteceu? Como o grosso das Forças é originário da classe média e tem na honestidade um valor, na medida em que ele foi bombardeado… Por mais que tenha sido anulado o processo, provado tudo, vai ter gente que vai dizer que o presidente Lula é ladrão, é corrupto“.
Enquanto isso, nas redes sociais, Sergio Moro segue com mensagens contrárias a Lula, ainda que amenizadas, demonstrando fixação no chefe do Executivo. O senador não ataca o Presidente do Brasil há pelo menos quatro dias.
