Defesa da ciência e críticas ao “tratamento precoce” rendeu à médica ataques nas redes sociais, mas também um salto de seguidores no Instagram, além de propostas de trabalho na administração pública
A proporção que o nome de Luana Araújo tomou pode ser medida, em parte, pela quantidade de seguidores que sua conta no Instagram ganhou após a infectologista participar da CPI da Covid, no dia 2 de junho: de 9 mil seguidores ela passou a ter 280 mil. Também surgiram propostas de trabalho que incluem um convite do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para integrar o Centro de Contingência da covid-19 no estado. Convite esse já recusado, como relata Luana a Universa, do UOL.
“Não é meu interesse nesse momento assumir papel em uma administração pública.”
Luana Araújo
Os senadores convocaram a médica, que mora em Belo Horizonte, para que falasse sobre ter tido sua nomeação revogada para o cargo de secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, o que ocorreu dez dias após ter sido convidada. As declarações de Luana, defendendo a ciência e criticando o chamado tratamento precoce contra a doença, viralizaram.
“Essa é uma discussão [tratamento precoce] delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente. Quando eu disse que há um ano estávamos na vanguarda da estupidez mundial, infelizmente ainda mantenho isso em vários aspectos”.
Luana Araújo
Luana é mestre em saúde pública pela prestigiada universidade americana Jonhs Hopkins e consultora mundial na área, já tendo trabalho em parceria com países como Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Após a participação na CPI, a médica foi atacada pela direita bolsonarista, que inventou que ela não teria o diploma de mestrado, e virou alvo, também, da esquerda, que desenterrou comentários de redes sociais — um deles, de 2018, quando defendeu a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, após um jornal americano dizer que ela havia feito um gesto de arma na posse do marido.
“Era um gesto da linguagem de libras. Respondi a postagem dizendo que era uma notícia falsa. Isso foi distorcido como apoio político“, afirma.
Luana Araújo
“As pessoas têm todo direito de contrapor ou não concordar, mas quando querem fazer isso e não conseguem, expõem o que há de mais sub-humano: em vez de raciocínios claros, querem atacar o mensageiro. E isso veio como misoginia explícita, com insinuações de que eu estava na CPI como prostituta. Infelizmente, ser mulher no Brasil implica isso. Mas se acham que vou me sentir enfraquecida ou humilhada, se enganam.”
Luana Araújo
Na entrevista a Universa feita por telefone, a infectologista, que é pianista desde criança e também cantora, contou que, no momento, se dedica a seu site, Des-Infectando, e analisa propostas de trabalho ligadas ao terceiro setor e à iniciativa privada.
Leia a entrevista completa no Universa.
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