Em discurso emocionado, presidenta do PT condena preconceito de militar reformado. Mais de 1.500 municípios do país têm apenas médicos cubanos
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, condenou a “agressividade” de Jair Bolsonaro contra os médicos cubanos. Em discurso nesta segunda-feira (19), ela questionou se a subserviência do militar reformado aos Estados Unidos deixará o povo brasileiro sem atendimento médico.
Na semana passada, o Ministério da Saúde de Cuba informou que os profissionais deixarão o Brasil devido às “declarações ameaçadoras e depreciativas” de Bolsonaro. Em agosto, o militar declarou que expulsaria os médicos cubanos do país.
“Como senhor fala uma coisa dessas, colocarão quais profissionais no lugar? Qual é a sua responsabilidade, Bolsonaro? A subserviência ao governo americano vai fazer você matar a sua gente? Vai fazer a sua gente ficar sem assistência médica? É uma vergonha o que estamos passando”, disse Gleisi.
As afirmações depreciativas de Bolsonaro deixarão 60 milhões de pessoas sem médicos e se somam a atos de demonstração total de apoio ao governo norte-americano. Entre eles, a indicação de um ministro das Relações Exteriores que é “Estados Unidos acima de tudo”.
Entre os 1.575 municípios que contam somente profissionais cubanos no programa Mais Médicos, 80% possuem menos de 20 mil habitantes.
Gleisi chegou a se emocionar ao agradecer o carinho e atenção dos médicos cubanos com os brasileiros e as brasileiras desde que chegaram ao país.
“Fico emocionada porque, durante a minha campanha em regiões de periferia, eu via o sofrimento de povo pobre. Você ter um filho doente, num posto de saúde, e precisar de médico. Essa gente vai sofrer. Vai sofrer pela insensibilidade de alguém que faz da sua atuação política uma apologia à ideologia”, afirmou a senadora pelo Paraná.
Para atuarem no Mais Médicos, todos os profissionais, independentemente do país de origem, precisam ter diploma de medicina expedido por instituição de ensino superior estrangeira, habilitação para o exercício da profissão no país de origem e ter conhecimento de língua portuguesa, regras de organização do SUS e de protocolos e diretrizes clínicas de atenção básica.
Trabalho escravo uma ova
A primeira atuação em massa de médicos cubanos no exterior ocorreu em 2005. Na época, o então presidente cubano Fidel Castro propôs aos Estados Unidos o envio de 1100 médicos e 26,4 toneladas de medicamentos para ajudar as vítimas do furacão “Katrina”. O fenômeno devastou os estados de Luisiana e do Mississipi.
Posteriormente, o governo cubano passou a fazer parcerias com diversos países pelo mundo – inclusive sem cobrar nada, como ações no Congo, por exemplo. Ao todo, 66 nações do mundo têm parceria com o governo cubano para ceder profissionais de medicina.
No caso brasileiro, um acordo entre o então governo Dilma, em 2013, com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), permitiu a vinda de cerca de 20 mil médicos cubanos ao país, desde então. Recentemente, 8,3 mil atuaram no Brasil.
Os médicos vêm para cá, aliás, por livre e espontânea vontade, sendo os salários pagos com valores previamente combinados com o governo cubano.
“Uma estatal cubana abre edital para contratar médicos em seu território. E diz: faremos convênio com determinado país, como o Brasil, e é dito exatamente quanto o médico receberá. Os cubanos se inscrevem naquele programa, sabem quanto irão ganhar e quais condições terão nos países que vão atender. Ninguém é enganado em Cuba”, explicou Gleisi Hoffmann.
A fala desmente boatos de que profissionais cubanos são tratados como “escravos” pelos recursos do Mais Médicos serem enviados diretamente ao governo de Cuba. Os valores financiam, entre outros, o acesso gratuito do povo à saúde e à educação.
“Cuba faz convênios com a Opas e cobra um valor por esse serviço. Inclui o salário dos médicos, todas as garantias sociais e, inclusive, seguro e riscos que médicos têm no território brasileiro. Se acontecer qualquer coisa com médico cubano, quem atende é o governo cubano – como seguro, assistência à família em caso de morte e invalidez”, disse a senadora petista.
Valores irrisórios no Brasil
Paralelo ao debate sobre os profissionais estrangeiros, Gleisi questionou os valores recebidos pelos médicos brasileiros. Em artigo escrito em 2011, o médico Drauzio Varella afirmou que um profissional que atende por plano de saúde ganha, em média, R$ 20 por consulta.
“Aí o pessoal diz que o médico cubano é trabalhador escravo. Os médicos brasileiros, em planos de saúde, ganham R$20. Só que eles têm que manter todo o consultório e têm que tirar o pró-labore. Para isso, precisariam atender 36 clientes por dia. É por isso que a gente compreende o que os médicos fazem quando recebem a gente no consultório: em 15 minutos, eles olham e dão o diagnóstico. Um médico cubano atende, pelo menos, de 30 a 40 minutos, senão uma hora. Conversa com o paciente, quer saber como ele está, quer saber da sua vida, das suas relações. É outro tipo de atendimento”.
No discurso ao plenário, Gleisi ainda explicou que o Mais Médicos foi criado porque os profissionais do país não tinham interesse de atuar nas pequenas localidades e regiões mais pobres.
“Fico muito impactada com o que falou o candidato eleito, que os municípios que reclamam da saída dos médicos cubanos é porque antes demitiram outros profissionais de saúde. Ora, nós fizemos o Mais Médicos porque não tinham médicos no Brasil que se dispusessem a ir aos pequenos municípios, ao interior do país, aos distritos indígenas, às regiões pobres da periferia brasileira”, disse Gleisi.
Receba nossas atualizações direto no seu WhatsApp
Salve nosso número em sua agenda e envie-nos uma mensagem
Doe ao Et Urbs Magna
𝙲𝙾𝙽𝚃𝚁𝙸𝙱𝚄𝙰 𝚌𝚘𝚖 𝚘 𝚅𝙰𝙻𝙾𝚁 𝚀𝚄𝙴 𝙳𝙴𝚂𝙴𝙹𝙰𝚁 (O valor está expresso em Dólar americano) Para alterar o valor a contribuir, basta alterar o MULTIPLICADOR na caixa correspondente 𝐀 𝐩𝐚𝐫𝐭𝐢𝐫 𝐝𝐞 𝐔𝐒𝐃 $ 5 até o limite que desejar
$5.00
Subscreva Et Urbs Magna no Youtube
Curta Et Urbs Magna no Facebook
Grupo no Facebook PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO
Et Urbs Magna no Twitter
SEM MÉDICOS, SEM COMIDA, SEM MORADIA, MAS COM MUITA DIGNIDADE, COISA QUE DESCONHECE!!
Pingback: Ignorância de Bolsonaro é assustadoramente inacreditável – sua “subserviência aos EUA deixará o povo sem médicos”, disse Gleisi | Espaço de walter