Governo Bolsonaro incinerou medicamentos de alto custo para doenças raras, câncer, HIV e vacinas

Em nota, o Ministério da Saúde disse que o “cenário de desperdício” de vacinas, medicamentos e outros insumos “reflete o descaso do governo anterior“, que não compartilhou dados sobre os produtos armazenados antes da posse de Lula

O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) incinerou medicamentos usados no tratamento de doenças raras e de alto custo, como câncer e HIV, além de vacinas, avaliados ao todo em pelo menos R$ 13,5 milhões. Associações afirmam que ocorreu má gestão e que a falta do tratamento pode levar os pacientes à morte.

Os dados sobre produtos do Ministério da Saúde incinerados desde 2019 mostram que, até o começo deste ano, a pasta deixou vencer 39 milhões de vacinas contra a Covid-19, além de produtos avaliados em R$ 214,2 milhões. Outros insumos, de mais R$ 38 milhões, ainda estão na fila da incineração.

Entre os itens perdidos estão vacinas de diversos tipos, contra sarampo e rubéola, pentavalente, hepatites e tríplice viral, além de medicamentos contra câncer, hepatite C e outras doenças, como mostra matéria de Mateus Vargas, na Folha de S. Paulo.

Há também duas doses do Spinraza, cada uma comprada por R$ 160 mil pelo governo federal. Usada para pacientes com AME (atrofia muscular espinhal), a terapia é uma das mais caras do mundo.

Entre os medicamentos para doenças raras, foram descartadas ainda 949 unidades do Translarna, produto usado para pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que causa degeneração muscular progressiva. Esses lotes custaram R$ 2,74 milhões no total.

Os dados sobre estoques da Saúde estavam sob sigilo desde 2018. No fim de fevereiro, a CGU (Controladoria-Geral da União) recomendou revisão dessa reserva. A pasta comandada por Nísia Trindade liberou, por enquanto, a relação de produtos descartados.

Os dados não permitem afirmar que a totalidade dos produtos foi descartada por causa do fim da validade. Em alguns casos, medicamentos podem ter sido reprovados em testes de controle de qualidade ou inutilizados por causa do armazenamento incorreto.

Mas integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que a maior parte dos insumos foi incinerada após o fim da validade. Além disso, dizem que outros produtos podem estar vencidos no estoque e ainda serão encaminhados para o descarte.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que o “cenário de desperdício” de vacinas, medicamentos e outros insumos “reflete o descaso do governo anterior“, pois o governo Bolsonaro não compartilhou dados sobre os produtos armazenados antes da posse.

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