Empresas do país continental creem que a multinacional de produtos online deve seu sucesso aos sites visíveis em seus mecanismos de busca e, por isso, querem cobrar pela exibição dos links e trechos de artigos

O Google ameaçou desativar seu mecanismo de busca na Austrália se for forçado a pagar editores locais por notícias, uma escalada dramática de um impasse de meses com o governo. “Uma proposta de lei, com o objetivo de compensar os editores pelo valor que suas histórias geram para a empresa, é impraticável”, disse Mel Silva, diretora administrativa do Google, para a Austrália e Nova Zelândia, em uma audiência parlamentar na sexta-feira. Ela se opôs especificamente à exigência de que o Google pague empresas de mídia para exibir trechos de artigos nos resultados de pesquisa.
O FATO
A Comissão de Concorrência e Consumidores (Competition and Consumer Commission) da Austrália elaborou um projeto de lei visando regulamentar o uso de dados de mídia nas plataformas digitais, conhecido por lá como “Código Obrigatório de Negociação de Plataformas Digitais e Mídia de Notícias”.
Os gigantes Google e Facebook se sentiram lesados na parte da lei que obriga que essas operadoras efetuem pagamento às empresas de mídia pela exibição dos links e trechos de artigos no mecanismo de busca dessas plataformas.
AS NEGOCIAÇÕES
Google e Facebook definitivamente não estão felizes. A diretora administrativa do Google Austrália, Sra. Mel Silva, compareceu a uma audiência pública do Comitê de Legislação Econômica do Senado, que está revisando a lei proposta, e apresentou a seguinte declaração como parte de seu comentário completo:
“O princípio da vinculação irrestrita entre sites é fundamental para a Pesquisa. Juntamente com o risco financeiro e operacional incontrolável, se esta versão do Código se tornar lei, não nos dará nenhuma escolha real a não ser parar de disponibilizar a Pesquisa Google na Austrália. Isso seria um resultado ruim não apenas para nós, mas para o povo australiano, a diversidade da mídia e as pequenas empresas que usam a Pesquisa Google”.
Ainda apresentou uma alternativa para a situação por meio do uso do Google News Showcase, um programa de licenciamento por meio do qual empresas de notícias publicam e promovem suas histórias online. Os editores seriam pagos pela experiência editorial do jornalista e pelo acesso (além do acesso pago ao jornalismo). Mas o Google News Showcase só figura no Google News dentro de seu âmbito e exclui links e trechos que aparecem na Pesquisa Google.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse à diretora:
“Não respondemos a ameaças. A Austrália estabelece nossas regras para coisas que você pode fazer na Austrália. Isso é feito no nosso Parlamento. É feito pelo nosso governo. E é assim que as coisas funcionam aqui na Austrália”.
O Facebook também teve opiniões sobre a lei que está por vir, mas nenhuma é recente.
O desfecho ainda não aconteceu, mas o que se sabe é que os resultados possíveis desta lei podem definitivamente moldar o futuro da internet.
Para o bem ou por mal?
Muito cedo para dizer por agora.
Com informações de The Wall Street Journal, Bloomberg e XDA