O ex-presidente LULA mostrando sua marca ‘L’ com as mãos. Ao lado, uma charge do cartunista Aroeira mostra o ex-juiz federal Sergio Moro como um árbitro de futebol, com uma ratoeira prendendo seu dedo em lugar de um cartão vermelho, representando a decisão pela prisão do ex-presidente que foi revertida pela Justiça lhe rendenta ainda uma suspeição e apelido de ‘juiz ladrão’
PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO
Força da candidatura do ex-presidente vem da aposta na saída da crise econômica e das revelações negativas sobre as intenções de Sergio Moro na política
Por que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera todas as pesquisas, depois de ter sido preso durante 580 dias e massacrado pela imprensa corporativa? As conclusões estão numa pesquisa qualitativa contratada pela Fundação Perseu Abramo, detalhada em reportagem desta terça-feira (22/2) pela jornalista Maria Cristina Fernandes, no Valor, sob o título Moro e crise esvaziaram antipetismo entre indecisos.
“O antipetismo perdeu a força que tinha em 2018, mas isso se deve menos ao convencimento da inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que à crise econômica e à entrada do ex-juiz Sergio Moro na corrida eleitoral”, escreve Fernandes, que enxerga espaço para a terceira via somente com a adoção de um discurso de combate à desigualdade.
O presidente Jair Bolsonaro ganha o benefício da dúvida porque não chegou a receber o selo de corrupto pela justiça, mas a prerrogativa não se estende aos filhos“, prossegue a autora da matéria, de acordo com transcrição também no Brasil 247.
“Contratada pela Fundação Perseu Abramo, instituição mantida pelo PT, para descobrir o que se passa na cabeça dos indecisos, a professora da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Isabela Kalil, não enfrentou resistências ao tirar e divulgar estas conclusões”, diz a jornalista.
“As percepções foram colhidas numa pesquisa qualitativa, conduzida a partir de conversas com duração de duas horas com 64 pessoas, egressas de duas faixas de renda (até dois e de dois a cinco salários mínimos), em capitais e no interior de cinco Estados (São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás e Amazonas)“, prossegue a matéria.
“Mesmo o eleitor que não acompanha tanto o noticiário percebeu a parcialidade de Moro porque se trata de um conceito simples. O juiz que marcou uma falta contra um time, vestiu uma camisa e foi para o jogo contra este time”, explica Isabela.
“A constatação também colide com o foco que a campanha petista dá à contestação da Lava-Jato. Se a desconstrução de Moro surtiu efeito, a ‘descriminalização’ de Lula tem alcance limitado. O discurso de apontar saídas rende mais, especialmente entre eleitores mais jovens que não têm memória da gestão Lula“, explica ainda a reportagem.