Exportações aos EUA caem 32% e déficit é de US$ 3 bilhões com submissão de Bolsonaro a Trump
25/09/2020
A queda nas vendas brasileiras ao mercado norte-americano, da ordem de 32%, passaram de 19,8 bilhões de dólares entre janeiro e agosto de 2019 para 13,4 bilhões de dólares no mesmo período de 2020. O déficit na balança comercial entre os dois países fechou em mais de 3 bilhões negativos para o Brasil até agosto, contra apenas pouco mais de 200 milhões negativos no ano passado, conforme publicou o El País.
Os números do comércio exterior com os EUA não são confortáveis para o Itamaraty, que tem sido criticado por especialistas e opositores pela suposta subserviência à gestão Trump e por pouco lucrar com esse alinhamento automático em diversos temas.
Na prática, o Brasil tem feito mais concessões do que recebido. Alguns dos exemplos: aceitou aumentar a cota de etanol que importa dos Estados Unidos, não se queixou da queda de 80% na venda de aço para os americanos e concordou em ceder a vaga de presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento para um aliado de Trump.
Além disso, Bolsonaro suspendeu a obrigatoriedade de vistos para americanos que querem visitar o Brasil sem que houvesse um gesto recíproco por parte de Washington e ouviu uma promessa, até agora não cumprida, de apoio para ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Diplomatas de cinco países ouvidos pela reportagem do El País estão reticentes sobre os rumos da política externa brasileira. Dizem que têm preferido deixar qualquer conversa com a cúpula do Itamaraty para o período pós eleição norte-americana porque não estão seguros se prevalecerá o antes usual pragmatismo brasileiro ou a ideologia, caso o democrata Joe Biden derrote o republicano Trump na corrida eleitoral.
“A derrota ou vitória de Trump vai dar o rumo da política do Itamaraty no próximo ano”, disse um diplomata europeu.
Araújo, por sua vez, afirmou aos parlamentares que entende que o relacionamento entre os dois países será mantido, independentemente de quem vencer o pleito de novembro.
“Tudo que nós estamos fazendo com os Estados Unidos eu tenho certeza que é de interesse permanente para os dois países. Um Governo democrata provavelmente manteria esse mesmo enfoque”, disse o chanceler.