Estudo revela que formigas são como nós: nem todas gostam de trabalhar

A revista “Behavioral Ecology and Sociobiology” de setembro publicou um estudo revelador: biólogos pesquisadores descobriram que, em um formigueiro, nem toda formiga trabalha. Há as que ficam ociosas e não fazem nada ou quase nada.

formicidaeO velho conceito que atribui o perfil de uma formiga a uma pessoa trabalhadora acaba de cair por terra. Biólogos da Universidade do Arizona constataram que nos formigueiros estudados cerca de metade dos indivíduos se mantém inativos. 

Os cientistas foram à uma área de Tucson, Arizona, e coletaram 5 colônias da formiga Temnothorax Rugatulus e as transladaram para um habitat artificial onde os insetos podiam ser observados sob uma placa de vidro. Cada formiga deveria ser identificada e para isso receberam pinturas personalizadas, após o que tiveram início os trabalhos de filmagens periódicas por três semanas seguidas.

Mas o trabalho árduo só começou durante a análise da rotina das colônias quando eram anotadas todas as atividades realizadas, desde a manutenção do ninho até os cuidados com as larvas saídas dos ovos. Observaram-se também rotinas como abastecimento, higiene e trolfalaxia (consiste em regurgitar parte da comida ingerida em uma espécie de segundo estômago que serve de despensa para as formigas muito ocupadas que não têm tempo para se alimentar).

Registraram-se todas as atividades das famílias Formicidae: de 225 insetos foram descobertas quatro grandes categorias: 34 puericultoras, 26 operárias externas, 62 generalistas (serviços gerais). E por fim, surpreendendo todo o reino humano, 103 formigas não faziam porra nenhuma enquanto assistiam as outras que não paravam de trabalhar sem que fossem substituídas.

Apesar de os entomologistas reconhecerem que as três semanas de observação talvez não tenham sido suficientes para identificar aquela função inercial misteriosa associada à vadiagem, eles arriscaram defender as preguiçosas sugerindo que pode se tratar de uma espécie de exército de reservistas à espera de uma convocação em caso de necessidade sem, contudo, desassociar tal inércia ao fato de que quem está ocioso tem menos interações com quem está trabalhando. Desta forma, elas poderiam simplesmente não estar cientes de que há trabalho à espera, ou, ainda  tentariam evitá-lo.

Em artigo subsequente de outubro no “Journal of Bioeconomics” o mesmo grupo de cientistas sugere que uma fração da população opta pela inatividade como consequência natural de uma organização de trabalho complexo. Portanto, tal ociosidade poderia ser uma atividade como outra qualquer, fato que derruba o mitológico conceito de formiga trabalhadora e outros insetos sociais como abelhas e cupins.

E nós, que desde o Homo Sapiens temos assimilado tais conceitos e os aperfeiçoado até os dias atuais introduzindo ideias como divisão do trabalho e especialização na indústria, na informática, na robótica e na logística, finalmente nos vemos livres da fábula  da Cigarra e da Formiga, pois as duas são iguaizinhas e não se pode mais compará-las, a não ser com um povinho preguiçoso que existe em todo lugar e que todos conhecemos. Será que os insetos estão aprendendo com a humanidade?

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