“Falo da direita que acredita numa política econômica liberal sem pastores evangélicos ladrões, milicos parasitas”, Lúcia Guimarães
“A direita deve votar em Lula por interesse próprio. O centro também, seguindo o exemplo da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), na contramão dos líderes do Congresso, que querem liquidar o Brasil na xepa da feira“, escreve a jornalista Lúcia Guimarães, na Folha de S. Paulo.
“Quando me refiro ao interesse da direita, não falo do belzebu em pânico diante da chance real de ser preso após a derrota ou do seu entorno, unido na ganância, no obsceno fervor teocrático e no ódio ao Brasil. Falo da direita que acredita numa política econômica liberal sem pastores evangélicos ladrões, milicos parasitas sangrando o tesouro à custa do suor dos trabalhadores e empresários cujo comportamento faz os bicheiros cariocas da minha infância parecerem líderes cívicos“, escreve a jornalista, acrescentando que fala “do que sobrou do terreno político anti-Lula que é pró-Brasil“.
Lúcia Guimarães diz, no texto, que mora nos EUA, e questiona: “Por que o Brasil não esquerdista e não aliado ao niilismo devasso apoiado pelo centrão deve votar em Lula?“. Ela mesmo responde que isso ocorre “porque [a direita] quer abrir empresas, contratar mão de obra preparada, apoiar pesquisa científica, estudar e ganhar muito dinheiro no mercado financeiro contando com instituições e leis, sem ficar à mercê da tirania de três Poderes cada vez mais aparelhados por quadrilhas“.
A jornalista reconhece que o PT “não tentou demolir o Estado de Direito. E [Lula] não ofereceu resistência ilegal a passar 580 dias numa cela por ordem do juiz que o prendeu sob encomenda para ajudar a eleger o monstro seu aliado – o mesmo que hoje balbucia delírios sobre reagir a tiros quando a Polícia Federal bater à porta. A este país que rejeita o extremismo interessa, por instinto de sobrevivência, não continuar apostando que 33 milhões de brasileiros acham normal passar fome para impedir que gays possam se casar. A adesão de mais de 700 mil à carta em defesa do Estado democrático de Direito é um sinal auspicioso“.
“A direita que queria, a todo custo, evitar a volta de Lula sabe que, para competir para legislar e governar, precisa de um país – não do esqueleto que vão nos deixar se continuar no poder o desocupado vitalício que, nos anos 1980, planejou colocar bombas em quartéis para conseguir aumento de salário. Os crassos jecas da Faria Lima, os incendiários do agronegócio e os invertebrados da avenida Paulista podem ter se fartado de comer mingau pela beirada do fascismo. Talvez agora tenham começado a entender o preço de negar que a agenda que apoiaram não é conservadora ou cristã, é terrorista e demolidora. Se quiserem continuar decolando para Paris e manter o privilégio de tirar férias do martírio brasileiro, precisam de um país para onde possam voltar”, pontua a jornalista.

Um artigo demolidor!