Dino demoliu pegadinhas, se divertiu com despreparo e comandou depoimento na CCJ, diz Vera Magalhães

Os bolsonaristas não queriam “esclarecer nada, mas lacrar para cima do ministro e se exibir nas redes sociais, palco por meio do qual esses deputados se elegeu e único espaço em que sabem transitar“, escreve a jornalista

Na audiência de Flávio Dino (PSB-MA), na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (28/3), o ministro da Justiça e Segurança Públicademoliu pegadinhas como as feitas pelo deputado André de Paula, pareceu se divertir com o despreparo parlamentar e jurídico dos inquisidores e comandou o depoimento por quatro horas“, escreveu a jornalista Vera Magalhães, no Globo, nesta quarta-feira (29/3).

“…a intenção da tropa de choque bolsonarista que se aboletou na CCJ não era esclarecer nada, e sim lacrar para cima do ministro a fim de se exibir nas redes sociais, palco por meio do qual a quase totalidade desses deputados se elegeu e único espaço em que sabem transitar“, bem observou Vera, deixando implícito que as fake news são a garantia de votos desta classe de políticos.

O ministro teve sua presença aprovada na CCJ na semana passada, após requerimento de autoria dos deputados Gervásio Maia (PSB-PB), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Rubens Pereira Júnior (PT-MA), em conjunto com os de Carlos Jordy (PL-RJ) e Caroline de Toni (PL-SC), que previam a convocação que foi transformada em convite. Outros deputados subscreveram os requerimentos. 

O foco do convite era para o ministro esclarecer as mudanças na política de controle de armas do governo federal, as ações adotadas no âmbito de seu ministério e do governo após os ataques ocorridos no dia 8 de janeiro, a visita que fez ao Complexo da Maré, no último dia 13, e as manifestações de discriminação social e racial e criminalização da pobreza relacionadas ao episódio, além de fazer um balanço dos primeiros meses de atuação à frente do ministério, citando prioridades e diretrizes para o resto do ano, conforme descrito na Agência Câmara de Notícias.

Em sua publicação no jornal, Vera Magalhães também afirmou que o encontro funcionou como “termômetro de como pode ser a dinâmica entre lulistas e bolsonaristas num Congresso que, até aqui, não votou absolutamente nada de relevante, paralisado pela intenção de Arthur Lira de mudar a Constituição a seu bel-prazer para comandar a tramitação de matérias — hoje são medidas provisórias, amanhã o que mais?

Dino apresentou queixa-crime contra parlamentares que o acusaram de ter fechado um pacto com o crime organizado antes de visitar o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma imputação de conduta ilícita ao ministro da Justiça, não “opinião” ou “liberdade de expressão”, como malandramente defendeu o deputado Carlos Jordy na audiência que ele e outros bolsonaristas pretendiam transformar em show particular“, escreve Vera Magalhães.

Não contavam com o fato de o ministro estar disposto a roubar a cena e atuar na mesma frequência, só que com dados e argumentos jurídicos sólidos“, prossegue. “Uma das táticas mais claras do bolsonarismo para acuar o governo está na convocação em série de ministros em comissões para arranca-rabos como o de ontem. Dino foi a convite, mas já há convocações aprovadas em colegiados como a Comissão de Fiscalização e Controle, controlada pela deputada Bia Kicis“.

É lamentável que o debate parlamentar esteja restrito a isso, e a culpa é, em grande parte, da falta de maioria do governo para furar o bloqueio que Lira promove na pauta. Mas ao menos o titular da Justiça mostrou como não se deixar tragar quando tentam lhe arrastar para a cova dos leões“, pontua a jornalista.

Nesta quarta-feira, Flávio Dino foi ao Twitter agradecer ao apoio recebido após demolir os bolsonaristas: “Em tempos e territórios áridos, agradeço às milhares de mensagens e postagens de solidariedade, que me alegraram muito. Estamos juntos e de mãos dadas. O sorriso é uma arma fundamental em defesa da democracia e contra as bizarrices fascistas“, escreveu o ministro da Justiça.

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