Deltan diz que tentou falar sobre cassação com Lira, seu alvo no passado, mas ele fechou as portas e não responde

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em foto de Vinícius Schmidt/Metrópoles, e o deputado federal cassado Deltan Dallagnol, em foto de Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | Sobreposição de imgens

O ex-procurador e deputado cassado sente “clima de animosidade” por conta de sua atuação como coordenador da força-tarefa da Lava-Jato

“Eu procurei o presidente da Câmara, mandei mensagem para ele. Minha assessoria tentou agendar uma reunião, mas ele fechou as portas, não responde. Tentei inclusive falar com a chefe de gabinete dele algumas vezes. Ao mesmo tempo que vejo uma falta de acolhimento do presidente da Câmara, eu vejo um amplo acolhimento dos deputados da Casa”, disse o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR) a Lauriberto Pompeu, do ‘Globo‘.

Com o mandato de deputado federal cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele acredita haver um “clima de animosidade” contra ele no meio político por sua atuação como coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba.

O ex-procurador queixa-se de que Arhur Lira (PP-AL) tem recusado seus contatos para falar sobre o processo que culminou na cassação, que ainda precisa passar por um trâmite da Mesa da Câmara. Deltan diz que sente uma “falta de acolhimento” por parte de Lira.

No passado, o presidente da Câmara já foi, ao lado do pai, o ex-senador Benedito de Lira, investigado e acusado pelo grupo por improbidade administrativa e, hoje, Lira parece pouco inclinado a movimentos que possam auxiliar o colega de Casa, diz o texto da matéria.

Lira determinou que a corregedoria da Câmara analise o caso, mas o procedimento é considerado uma formalidade, e a Mesa deve referendar a perda do mandato. Na última terça-feira, Deltan foi notificado à revelia pelo Diário Oficial, após três tentativas de contatá-lo.

O prazo para que ele apresente a defesa é de cinco dias. Depois disso, o deputado Domingos Neto (PSD-CE), que é o corregedor, vai apresentar um parecer à Mesa Diretora, que vai tomar uma decisão.

Sobre sua atuação como procurador do MPF, Dentan afirma que foi “foi profissional, dentro da lei, jamais tratou de algo pessoal. Agora, compreendo que pessoas que são investigadas, tornadas rés em processos, possam se sentir pessoalmente atingidas”, afirma Deltan.

O deputado paranaense diz que tem conversado com outros colegas, incluindo integrantes da Mesa, para tentar reverter a perda do mandato. O assunto também esteve em uma conversa dele com a presidente do STF, Rosa Weber. Deltan ainda pode recorrer à Corte, embora o ambiente seja hostil.

Sobre a reunião com Rosa Weber, Deltan frisa que ela já estava marcada há semanas, antes de ser pautado seu recurso no TSE, e que tinha o objetivo de defender pautas anticorrupção. Ele admite, no entanto, ter tocado no tema de sua cassação:

“Diante da decisão do TSE, de passagem, eu mencionei e expliquei o que tinha acontecido nesse caso. Agora, o objeto da reunião não era esse. Ela só ouviu. Só apresentei perspectivas sobre o objeto original da reunião e rapidamente apresentei perspectivas sobre essa decisão do TSE”, disse o cassado.

O TSE entendeu que, no fim de 2021, Deltan pediu para sair do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível. Havia procedimentos abertos contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

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