Deltan Dallagnol, o chefe da Operação Lava Jato, pagou R$ 76 mil e R$ 80 mil respectivamente em duas compras de imóveis em Ponta Grossa, padrão Minha Casa Minha Vida, no Le Village Pitangui, cujas escrituras foram assinadas em 22 de agosto de 2013 e outra em 20 de fevereiro do ano passado em seu nome e de sua esposa.
Hoje, os apartamentos estão sendo vendidos a R$ 135 mil cada – diferença de 59 mil reais em uma unidade (77,6%) em relação ao que ele pagou e de 55 mil na outra unidade (68,7%). A maioria daqueles apartamentos ficaram nas mãos de investidores que pagaram barato esperando pela valorização ou colocaram para alugar.
Em outubro/2017, os vencimentos totais brutos de Deltan Dallagnol foram de R$ 35.607,28, segundo o Portal da Transparência do Ministério Público Federal. Os vencimentos líquidos foram de R$ 22.657,61, mas em abril ele recebeu líquidos R$ 67.024,07, com “indenização” e “outras remunerações retroativas/temporárias”, acima do teto constitucional.
Quem compra apartamentos habilitados para o Minha Casa, Minha Vida tira a oportunidade de quem procura conseguir um imóvel com financiamento com taxa de juros subsidiada – máximo de 8,16% ao ano. Na mão do investidor, caso de Deltan Dallagnol, o comprador terá que pagar à vista ou recorrer ao financiamento imobiliário regular – com taxa de 12% ao ano.
A ex-secretária nacional de Habitação no governo Dilma Rousseff, Inês Magalhães, disse que, durante a regulamentação do programa Minha Casa, Minha Vida, houve preocupação de vetar o duplo subsídio:
“O imóvel que é financiado uma vez recebe o subsídio, mas, se o imóvel for vendido, o segundo comprador não poderá ter o financiamento com taxa subsidiada. Isso nós evitamos, mas não pudemos impedir que quem tem dinheiro compre sem financiamento e ganhe com a especulação imobiliária”, disse. “Hoje, nós estamos sendo vítimas de julgamentos morais, numa campanha que tem à frente alguns procuradores. Eu não me sinto à vontade para fazer o mesmo. Mas que temos de discutir essa questão da especulação imobiliária, à luz da política habitacional para o País, isso temos.”
Dallagnol admitiu que comprou os dois apartamentos para investimento, os quais foram orefecidos a ele por um funcionário da construtora FMM Engenharia, em Curitiba. Ele acrescentou que pagou-os à vista não se beneficiando do programa MCMV e, por este motivo, não se sente tomando direitos de outras pessoas, … (sqn)