
Olhando para esta fotografia, me recordo de quando a produzi. Na verdade me lembro de que parei o carro e olhei para baixo e vi uma casa dentro de uma cratera. Esta era a sensação, pois não era uma cratera. O terreno situava-se em um baixo relevo extremo. E ali, olhando para baixo, comecei a pensar em como devia viver o habitante daquela pequena casa que ao abrir sua porta tinha que olhar para cima e avistar a escada que construíra para subir e alcançar a rua. Talvez ele visse um jardim ao seu redor, dentro de uma floresta, todas as vezes que a luz do dia adentrasse sua tenda ao invés de se sentir desanimado com a escalada inevitável. Mas não se pode ignorar a possibilidade de algum pesadelo, como o de ser engolido pelo buraco repentinamente e desaparecer tragado pelas entranhas da Terra. Blá, Isso pode não fazer sentido algum, mas foi diante desta imagem que iniciei o pensamento: “Não passará um dia sem que a esperança deixe de exercer seu papel no coração de algum homem, e amanhecerá, e este homem saltará de seu sonho noturno e enevoado, logo o esquecendo ao contemplar, da janela, a paisagem. E todo sonho sempre se dissipará revelando a vista que se deverá mirar logo após e, assim, ele se situará na geografia que compreende sua razão”. Que tipo de pensamento é? E que influência isso pode causar na mente de um homem que é igual a outro que vive em condições adversas? Pois que longe daqui existe, também, outro homem que desperta para a vida real e que, como o primeiro, novamente se situa se vendo, desta vez, em uma grande edificação predial, sobre um terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo homem e assim por diante por tantos quantos forem os andares construídos em seu habitat. Decerto, a paisagem o situa na geografia que o encurrala limitando seus movimentos de longo alcance. Tais movimentos são diferenciados para cada ser humano, de acordo com sua geografia. Este é o próprio movimento do pensamento. A mobilidade do pensamento está diretamente ligada ao alcance da visão que se pode contemplar do ponto que se está desperto.