Como Huck, o candidato da Globo, pode derrotar Lula

É prudente que Lula comece a mostrar que é capaz de transferir seus votos para Haddad. Caso contrário, será preso e elegerá Luciano Huck para presidente em 2018.

Lauro Jardim divulgou uma pesquisa do IBOPE sobre intenção de votos para as eleições presidenciais de 2018. A única leitura é: só existe Lula no horizonte.

Uma má notícia para a segurança de Lula.

A informação relevante que passa despercebida na manchete ”Ibope: Lula e Bolsonaro na frente” é que não há termo de comparação entre eles.

Na pesquisa espontânea – aquela em que o pesquisado responde de memória o nome do candidato em que pretende votar – Lula tem 26% de intenções de voto. Na estimulada – quando os nomes dos candidatos são apresentados – Bolsonaro chega ao máximo de 15%. Isso quando Lula não está na relação de nomes. Pode parecer bom para Bolsonaro, mas não é.

Basta comparar. Lula vence o segundo colocado com 11 pontos percentuais de diferença até quando se compara seu índice de votos na pesquisa espontânea com o melhor índice de intenção de votos do segundo colocado na pesquisa estimulada.

Para entender o que isso quer dizer, vou usar um termo do marketing – Lula é “top of mind”.

O PSDB acabou, não importa quem seja seu candidato, está inserido na qualificação de “outros” – ou seja, não participa da disputa. Não lhe sobre nem mais prender o Lula.

Luciano Huck – o herdeiro de Lula

Esse é um assunto importante: Lula impedido de participar das eleições como candidato.

Não é à toa que existem duas pesquisas – com e sem Lula na disputa. Porque é apenas isso que importa, neste instante. Como impedir Lula de participar, já que participando, Lula é o presidente.

Analisemos os dados.

Quando comparamos os resultados da pesquisa espontânea com a estimulada, a primeira coisa que se nota é que Bolsonaro tem teto. Ele cresce 4 pontos percentuais com Lula na disputa – passa de 9% para 13%. E desmentido o que chegou a ser ventilado, Bolsonaro não herda votos de Lula. Cresce mais dois quando Lula está fora- igual à margem de erro da pesquisa. Vai a 15% de intenção de voto.

Marina cresce 13 pontos percentuais entre a espontânea e a estimulada – quando Lula não participa. Vai aos mesmo 15% de Bolsonaro. E Luciano Huck passa de menos de 1% para 8% de intenções de voto – superando todos os outros políticos tradicionais do campo não petista: Alckmin, Doria e Ciro Gomes. Luciano Huck seria herdeiro de Lula?

Os três disputariam os corações e mentes de um contingente de 34% de eleitores indefinidos, sem a presença de Lula nas urnas.

Lula preso

Resumo da ópera: só existe Lula no horizonte de 2018.

Sem Lula, uma boa campanha de marketing elege qualquer candidato confiável ao poder econômico.

Ora, não deram um golpe, à custa de salvar Temer, para poder entregar o pré-sal aos estrangeiros e destruir a CLT e direitos sociais ao ponto de liberar trabalho escravo – isso sem falar no objetivo ainda inconcluso de acabar com a previdência social para liberar recursos para “investimentos” – para agora deixar Lula voltar ao poder e desfazer toda a obra. Lula será preso.

Nesse cenário, sua inevitável vitória não o protege. Somente uma segunda opção petista viável protegerá Lula. É importante que o poder saiba que o PT ganhará as eleições, com Lula presidente ou não. Então, o Lula – o “Lulinha paz e amor” – conciliador e conhecido talvez seja uma opção interessante ao poder. Neste instante – para proteger Lula – o PT tem que ser maior que Lula. Ocorre que não é e talvez nunca tenha sido. Esse é o desafio de Lula: voltar a ser capaz de eleger postes.

Portanto, se Lula não quer ser preso, é bom começar a mostrar que é capaz de transferir seus votos para Haddad. Caso contrário, será preso e elegerá Luciano Huck para presidente em 2018.