Com população de 1,4 bilhões, China quer aumentar taxa de natalidade reduzindo abortos

Imagem de uma das ruas do Município de Chongqing, na China, mostra que a cidade da República Popular é a mais habitada. Dados de 2018 registraram 31,04 milhões de habitantes | Imagem reprodução Pinterest / Colin Jones / Pinterest


PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO

Planejamento familiar chinês pretende dissuadir adolescentes “solteiras” para convencê-las a manter gravidez

A China, que ainda é o país mais populoso do mundo, com 1,44 bilhões de habitantes pretende aumentar a taxa de natalidade reduzindo o número de abortos, através de um planejamento familiar que também pretende dissuadir adolescentes “solteiras” convencendo-as de manter a gravidez.

O plano, divulgado no final de janeiro, tem por objetivo “melhorar a saúde reprodutiva”, bem como reverter a ideia de gravidez indesejada através de campanhas para incentivo à natalidade. Isso porque, nos últimos anos, estudos demográficos apontaram enorme queda na taxa de natalidade e rápido envelhecimento da população. Dados do passado, do Departamento Nacional de Estatísticas, revelaram também que 2021 teve o menor número de nascimentos, desde a consolidação do regime do Partido Comunista Chinês. 

No início do ano passado, Pequim já havia anunciado a ampliação dos limites da natalidade, passando a permitir três filhos por casal. A medida substituiu outra autorização para que casais chineses tivessem dois filhos, a qual também não conseguiu elevar a natalidade desde que a política do filho único, de 2016, foi derrubada. A reversão da queda de nascimentos e envelhecimento do povo teria como motivo principal o alto e desmotivador custo de vida nas cidades chinesas. Segundo os censos, o número de nascimentos caiu de 18 milhões em 2016 para 12 milhões em 2020.

Dados atualizados do worldometers mostram que a República Popular tem um crescimento populacional abaixo da natalidade da Índia, que deve ultrapassar a China e chegar a 1,5 bilhão em 2030 e 1,66 bilhão em 2050.

ABORTOS

De acordo com a correspondente da RFI em Pequim, Stéphane Lagarde, a Comissão Nacional de Saúde da China afirma que o país registrou quase 11 milhões de nascimentos no ano passado e quase 9 milhões de interrupções voluntárias da gravidez, incluindo 4 milhões, ou seja, cerca de 40%, entre meninas adolescentes. É este público de jovens “solteiras”, como dizem os meios de comunicação oficiais, que é o alvo da “intervenção”.

Os programas se concentrarão em “valores familiares tradicionais”, fortalecendo as aulas de educação sexual que muitas vezes faltam na China, para que “os homens respeitem e compreendam as mulheres”, diz uma acadêmica feminista da Universidade de Xangai citada pelo South China Morning Post.

As autoridades já tentaram outras alternativas, como as supramencionadas, além do estabelecimento de um período de 30 dias antes de poder se divorciar, com extensão da licença matrimonial até 30 dias ou a licença maternidade em certas províncias.

Sem sucesso até agora, o envelhecimento acelera, enquanto ativistas dos direitos das mulheres, muitas vezes censuradas, advertem para que tais medidas não estigmatizem ainda mais as adolescentes que desejam fazer o aborto. Para relançar os partos, dizem, seria necessário sobretudo mudar mentalidades, diminuir o peso das tradições familiares, que algumas jovens chinesas já não querem, e começar por aumentar a duração da licença paternidade.

O PLANO

Desde que o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou as “medidas para responder ao envelhecimento da população”, conforme informações da agência de notícias oficial da China, Xinhua, a mudança tem sido acompanhada por “medidas de apoio, que irão melhorar a estrutura populacional do país, cumprindo a estratégia de lidar ativamente com o envelhecimento da população e manter a vantagem na dotação de recursos humanos”. Além disso, Pequim quer aumentar a idade de reforma para manter mais pessoas no mercado de trabalho e melhorar as pensões e os serviços de saúde.

Segundo os últimos recenseamentos, a população em idade reprodutiva diminui a um ritmo acelerado, enquanto a faixa etária dos 65 anos aumenta exponencialmente. Alguns investigadores chineses calculam que o número de pessoas em idade reprodutiva caia para a metade em 2050. Isso aumentaria a “taxa de dependência”, ou seja, o número dos que dependem de cada um trabalhar para gerar receita a fim de pagar as pensões, os impostos de saúde e outros serviços públicos.

VIDA CARA

O sociólogo Yifei Li,da New York University Shangai, afirmou que “as pessoas são desencorajadas não pelo limite de dois filhos, mas pelos custos incrivelmente altos de criar filhos na China. Habitação, atividades extracurriculares, comida, viagens e tudo o mais contribui para esse custo“.

A média de filhos por casal na China era de mais de seis na década de 60. Esse número foi reduzido para menos de três em 1980 e, em 2020, cada mulher chinesa tinha em média 1,3 filhos.

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