Celso Tres: ‘Na Espanha, Baltasar Garzón foi demitido; aqui, Moro é promovido’


As revelações das mensagens trocadas entre membros da Lava Jato, divulgadas neste domingo (08), em reportagem da Folha de S.Paulo feita parceria com o Intercept Brasil, não apenas “enfraquecem a tese” defendida pelo então juiz Sergio Moro, como aponta o título da matéria. Mais grave do que isso, revelam a manipulação de provas e a violação da integridade das pessoas que tiveram os dados coletados ilegalmente


A crítica é do procurador da República e ex-auditor do Tribunal de Contas Celso Tres. “[Na] Espanha, Baltasar Garzón foi demitido; aqui, promovido”, completa ele em uma publicação feita via Twitter.



Mais grave que ‘enfraquecer a tese’! Explícita interceptação criminosa – risível alegação de gravação acidental, culpa da operadora – e, ainda pior, manipulação de prova, violada integridade do coletado; Espanha, Baltasar Garzon foi demitido; aqui, promovido

— Celso Tres (@CelsoTres1) September 8, 2019

Baltasar Garzón é um juiz espanhol que ficou mundialmente famoso por mandar prender o ditador chileno Augusto Pinochet, em 1998. Em 2012, o Supremo Tribunal espanhol condenou Garzón a 11 anos de suspensão do exercício da profissão por ter autorizado escutas ilegais durante as investigações de um caso de corrupção.

As mensagens divulgadas pelos jornais Folha-Intercept de conversas trocadas entre os membros da força-tarefa da Lava Jato, incluindo um agente da Polícia Federal, mostram que eles sabiam que o grampo de conversas telefônicas de Lula eram ilegais, mesmo envolvendo a então presidente Dilma Rousseff e vice-presidente Michel Temer.

Os agentes da PF receberam a captação de 22 conversas, mesmo após a ordem da justiça para interromper, isso porque as operadoras de telefonia demoraram para cumprir o corte dos grampos. Desse material, a força-tarefa descartou diálogos onde o ex-presidente Lula apresentou incômodo em aceitar o cargo de Ministro da Casa Civil no governo Dilma.

O petista ainda procurou Michel Temer, que já tinha rompido relações com a então presidente, para tentar um acordo que pudesse estancar a crise política.

A tase que os procuradores e o então juiz Sérgio Moro defendem até hoje é que o objetivo de Lula era tentar escapar da Lava Jato. Obtendo foro privilegiado, caso se tornasse ministro, as investigações contra Lula passariam a correr no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, não mais sob a jurisdição de Moro.

A Lava Jato manteve quase todos os áudios captados ilegalmente em sigilo, fora dos autos. Ao receber o processo, no dia 16 de março de 2016, o então juiz Moro autorizou a divulgação do áudios, incluindo a ligação de Dilma para Lula, onde a então presidente combinava entregar ao petista o termo de posse de ministro “em caso de necessidade”.

A transcrição desse áudio foi lida ao vivo, às 18h32 do dia 16 de março de 2016, na Globo News, acelerando o processo de derrocada do governo, com protestos nas ruas e manifestações na Câmara pedindo a prisão de Lula e impeachment de Dilma.

via GGN / Folha de São Paulo


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