Casos de lepra no Brasil aumentam e têm relação com a política do golpe

Se você imagina que doenças como a hanseníase [desde 1995 substituíram o nome de lepra por hanseníase] estão ligadas à pobreza, você está certíssimo. Até o governo sabe disso.

Nesta semana, quando o ministério da Saúde lançou mais uma campanha contra a hanseníase, indagada sobre as causas dessa terrível doença, a coordenadora da campanha, Carmelita Filha, não pôde esconder: “A hanseníase está ligada às defesas, à imunidade. E os fatores que diminuem a imunidade das pessoas estão ligados à vulnerabilidade social, como morar mal, comer mal, não estar empregado”.

Não é novidade: TODAS as doenças transmissíveis, todas as doenças degenerativas estão, todas elas, de uma forma ou de outra, vinculadas à alimentação, a insuficiências alimentares que se transformam em baixa resistência biológica. Isso para não falarmos das más condições de trabalho: o estresse e o mal-estar permanente de se viver explorado, oprimido por patrões, trabalhando em ambientes poluídos [quando se consegue trabalho].

A hanseníase está totalmente naquela lista das “doenças que não precisariam mais existir”, da mesma forma que as “doenças provocadas por mosquito”.

No entanto, somente no ano de 2016 foram notificados 25 mil casos!

Não há nenhum motivo para essa catástrofe a não ser político. A casta política que dirige este sistema, capitalista, onde os ricos estão cada dia mais obscenamente ricos e a classe trabalhadora mais espoliada e despossuída de tudo, é responsável por essa situação.

A hanseníase é causada por uma bactéria. Começa com uma mancha silenciosa, que não dói e não coça e pode perfeitamente evoluir para deformações visíveis e terríveis nas mãos, pés ou e/ou nos olhos, podendo levar a grave incapacidade física, fora o estigma social.

A existência de tantos milhares de casos de hanseníase é a mais pura expressão da incapacidade do governo capitalista de suprimir a pobreza e de fato governar para os trabalhadores e suas famílias. E de fato arrancar a medicina e o ministério da Saúde das mãos dos lobistas do grande capital.

O próprio governo tem o dado: 55% das notificações são em pessoas analfabetas ou com o ensino fundamental completo. Portanto, que comem, vivem e moram mal [quando moram].

Aqui está o segredo para o absurdo de ainda existir hanseníase no Brasil: é doença de pobre! Você não vai encontrar hanseníase no Morumbi e nem no Lago Sul [bairro da elite rica de Brasília]. A “geografia” da hanseníase são os territórios de pobreza.

E o Brasil continua disputando o primeiro lugar mundial com a Índia [hoje em primeiro lugar no número mundial de casos]: são dezenas e dezenas de milhares de casos por ano no nosso país.

O governo se gaba de que está combatendo a hanseníase, que é doença que tem cura [uma verdade], mas essa é sua jogada ideológica para ocultar a barbaridade de uma massa de casos de hanseníase por ano.

Você mesmo, caro leitor, pode julgar com seu próprio critério: foram diagnosticados mais de 151 mil novos casos da doença somente de 2012 para 2016, portanto mais de 151 mil notificações em QUATRO anos! Como acreditar na prosa do andar de cima, de que “está tudo sob controle”?

Somente em 2007 foram 40 mil casos. Nós não estamos falando de 10 nem de 20 casos e sim de uma massa enorme de milhares e milhares de famílias padecendo de um mal absolutamente medieval, um mal da Idade Média, uma doença “obsoleta”, que devia ser remetida para o seu lugar: o museu de história natural.

Mas a boçalidade do governo continua: no seu boletim oficial [do site do ministério da Saúde] está escrito: “A predominância de da hanseníase em homens com baixa escolaridade pode sugerir a influência dos determinantes sociais” [grifo nosso]. É preciso comentar? È preciso sugerir que esse e os anteriores governos dos ricos vivem nas nuvens, todos eles?

É preciso comentar que 151 mil casos diagnosticados em quatro anos significa uma média de 37 mil novos casos a cada ano e é preciso sugerir , portanto, que se trata – pura e simplesmente – de uma calamidade social?

Quando a tecnocracia do ministério da Saúde bate no peito e proclama – semana passada – que o número de casos está caindo, está mostrando a sua cara [e também não dá para esquecer que essa foi a cara do lulo-petismo que se declarava “governo dos pobres”, mas foi incapaz de barrar a hanseníase e as “doenças do mosquito” no mesmo movimento em que enriquecia horrores aos banqueiros internacionais e aumentava o número de empregos … precarizados].

Não se pode ficar somente denunciando. Se ficarmos parados eles vão fazer o Brasil bater recorde de tudo que é doença superada pela medicina ; afora outras formas de decadência social.

A nossa arma mais poderosa: não ficar parado e nos somarmos à organização – pela base e pressionando a burocracia da CUT a agir – de greves nacionais contra os ataques sociais e trabalhistas desse governo, que agora quer impor que você trabalhe até morrer.

Não dá para ficar se enganando de que a hanseníase – ou a febre amarela que está matando dezenas neste momento – são problemas “médicos”, vão ser bem cuidados pelo ministério da Saúde [“Saúde”?]; está mais do que claro que se trata de um problema POLÍTICO.

Ou de um problema que antes de ser médico-sanitário é político. Se a classe trabalhadora não entra em cena, para levar adiante uma luta política própria – que jamais volte a depositar confiança naquela estratégia de conciliação de classe do lulo-petismo – mosquitos e bactérias continuarão imperando e matando inocentes … no seio da própria classe trabalhadora.

Fontes: G1 e Esquerda Diário

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