Fiquei indignada, pois todo mundo na rua me olhava como se tivesse feito algo ruim. Até onde chegam os preconceitos? – perguntou antes de questionar se no Rio de Janeiro os negros não podem embarcar em um táxi ‘porque devem estar assaltando ou roubando’.
Segundo o relato do campeã olímpica, o próprio taxista comentou depois que outro policial havia lhe chamado à parte para perguntar onde a pegou, e ao lhe responder que no aeroporto, o policial disse que pensou que tinha embarcado na favela. Em declarações também noticiadas hoje pela imprensa, o professor universitário de Direito Constitucional Pedro Serrano advertiu que a presença no Rio de Janeiro de interventores militares com mentalidade de guerra é perigosíssima, pois pode ocasionar uma tragédia.
Ao comentar a forma como soldados do exército, portando armas de grosso calibre, revistam as mochilas das crianças das favelas quando vão à escola, Serrano afirmou que esse procedimento demonstra claramente que não existe uma relação de cidadania, mas de tratamento com o inimigo.
Isto atropela os direitos previstos pela Constituição e também os direitos humanos, sustentou e reafirmou que as medidas para combater a violência no Rio têm aparência democrática, mas são inconstitucionais e ditatoriais.
As intervenções são mais espetáculos que solução, explicou o reconhecido jurista.
Nesse sentido, o próprio portal digital cita um relatório da Anistia Internacional (AI), segundo o qual a presença dos militares nas ruas desempenhando funções policiais e de manutenção da ordem pública não resultam na melhoria dos indicadores de violência.
Pelo contrário, sustenta, coloca em risco os direitos humanos da população, sobretudo de suas parcelas mais pobres, que vivem nas favelas e nas periferias.
Sem uma mudança de estratégia, o resultado continuará sendo o mesmo: mortes e violações dos direitos humanos, em sua maior parte contra a população negra e periférica, destacou a diretora executiva da AI, Jurema Werneck.
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