Vieram à tona outras duas entrevistas em que o presidente cita o episódio e envolve prostituição, que foi desmentida. Casa fazia ação social
Jair Bolsonaro (PL) poderá ser derrotado pelo caso envolvendo meninas venezuelanas, dizem integrantes de sua campanha à reeleição. Na sexta-feira (14/10) o presidente relatou um encontro com jovens de 14 e 15 anos, no Distrito Federal, e sugeriu, sem provas, que elas estavam se prostituindo. A versão foi colocada durante entrevista a um canal do YouTube, que foi deletada em seguida, após a hashtag #bolsonaropedofilo viralizar nas redes sociais.
Na terça-feira (18/10), Bolsonaro disse que elas são “trabalhadoras” e pediu desculpas caso suas palavras, “tiradas de contexto por má-fé, tenham provocado algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas“. A afirmação foi feita em vídeo publicado nas redes sociais. No domingo (16/10), o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, ordenou que o conteúdo fosse retirado das redes sociais de LULA (PT), cuja campanha viu a oportunidade de detonar o adversário com o assunto.
Mas foram localizadas outras duas ocasiões em que o presidente fez referência ao episódio, “em termos até mais diretos, falando explicitamente em prostituição“, diz a jornalista Vera Magalhães, de acordo com a CBN. Esta “segunda onda de desgaste” causada pelo episódio envolvendo as jovens venezuelanas pegou a campanha de Jair Bolsonaro de surpresa. E, mesmo com o vídeo de desculpas publicado nesta terça, a equipe não trata a crise como encerrada. Um dos integrantes chegou a afirmar, em conversa com Magalhães, que as declarações do presidente podem ser responsáveis pela derrota dele nas eleições.
De acordo com os dados acompanhados pela equipe do presidente, Bolsonaro vinha se aproximando de Lula nas intenções de voto para o segundo turno. Porém, após a polêmica vir à tona, o movimento se estabilizou. Com essa “segunda onda”, um novo desgaste nas pesquisas é considerado, já que atinge diretamente o eleitorado conversador e religioso, que é parte importante dos votos do candidato à reeleição.
Agora, há duas ordens a serem seguidas na campanha bolsonarista: a primeira delas é rastrear se o presidente citou o episódio ou algo que possa comprometê-lo em algum outro momento, principalmente nestes podcasts de formato longo dos quais ele costuma participar. Por outro lado, também devem procurar por conteúdos pessoais que possam ser usados contra o ex-presidente Lula, de modo que o caso envolvendo Bolsonaro fique em segundo plano.
