Neste domingo (13) a coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo parece fugir da Política, sua categoria costumeira, mas nem tanto. A jornalista traz uma entrevista com a pastora mais excêntrica do Brasil. Não, não é a Damares Alves. Mas é a Baby ex-Consuelo, uma das maiores cantoras de todos os tempos de nossa Música Popular Brasileira que agora faz questão de afirmar que é espiritualista, e não religiosa.
Baby do Brasil disse a Mônica Bergamo que “gostaria de ser presidente um dia” e que, inacreditavelmente, “Bolsonaro mudou após a facada”. Dando entender que para melhor, ao acrescentar: “Bendita maldita facada!” Será?
“Eu temi muito que a democracia pudesse acabar [com a eleição de Jair Bolsonaro]. Mas hoje eu tenho certeza, no meu coração, que ela não acaba. Quando vi que o presidente [Bolsonaro] levou aquela facada, eu falei ‘Meu Deus’. Mas pensei: ‘Ele vai ter um encontro com Deus muito forte’. E vi que aconteceu algo dentro daquele homem. Eu tenho confiança de que ele teme a Deus e que vai tomar decisões primeiro falando com Ele. Bendita daquela maldita facada! Hoje, ele pra mim é um homem de Deus, com todos os erros que ele pode ter”
Confira abaixo a íntegra da transcrição da matéria de Bergamo:
“No dia em que eu fiz sucesso pela primeira vez, eu pensei: ‘Nossa, agora eu vou ter que fazer sucesso sempre’ [risos]”, diz a cantora, compositora e instrumentista Baby do Brasil. “O sentimento é igual a ‘Engravidei, que maravilha. Mas, nossa, ele vai ter que sair da minha barriga, tá entendendo? E sair por onde?’ [risos]. É um parto”, afirma, em referência à pressão para compor músicas de sucesso. “Mas eu me acalmei e passei a entender que o processo criativo, já que você tanto batalhou para um dia fazer sucesso, precisa estar sempre aberto. Não seja pressionado para fazer uma música que você não quer fazer”, diz.
A niteroiense de 66 anos começou a cantar na adolescência ao lado de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor, com quem formou os Novos Baianos. Na carreira solo, lançou hits como “Sem Pecado e Sem Juízo” e “Telúrica”. Ela conta que não disse logo de cara aos amigos de banda que sabia cantar, porque tinha recebido um “comando divino”. “Eles viram minhas roupas loucas e me chamaram pra fazer um show. Fiz um papel de atriz e fiquei calada. Era uma parada com Deus, eu precisava de uma testificação.” A palavra Deus foi dita por ela outras 110 vezes durante a conversa com a coluna.
No fim dos anos 1990, se tornou evangélica e passou a se chamar de “popstora”, junção das palavras pop e pastora. “Cabelo colorido, roupa louca e uma maneira diferente de interpretar as Escrituras.” Depois, fundou a igreja Ministério do Espírito Santo em Nome do Senhor Jesus Cristo. Ela nega que a sua conversão tenha se dado pelo sucesso da música gospel. “Eu tenho vários discos assim e quis segurar. Só botei pra vender dentro da igreja para quem quisesse comprar e curtir. E vendeu muito.” No Carnaval, ela vai desfilar com o seu bloco em São Paulo. “Tocaremos tudo o que eu canto, da MPB ao gospel.”
A cantora recebeu a coluna em uma boate em SP, dias depois de apresentar na cidade a sua nova turnê, “Música Extravagante”. Ainda neste semestre, ela deve levar os shows para capitais como Salvador e Brasília.
MÚSICA
Minha mãe tinha discos que iam de Ella Fitzgerald e Elza Soares a João Gilberto e Beatles. Eu ficava deitada no tapete ouvindo música o dia inteiro. Quando você começa a exercer a música, você entra numa faixa de percepção e sensibilidade completamente diferente. Virou um projeto de vida e uma coisa tão infinita e ampla que me completou de uma maneira extraordinária. Na primeira vez em que subi no palco, eu me senti completamente em casa. Foi como se eu tivesse finalmente chegado no lugar em que eu sempre tinha que estar.
MERCADO
O que eu ouvi [na juventude na rádio] não foi o que a geração que está fazendo música [hoje], em sua maioria, ouviu. Se não tiver qualidade, eles não têm culpa. Isso foi o mercado. O problema não é o funk ou o sertanejo —existem várias músicas boas ali—, mas sim a ideia do faturamento. Mas isso tá começando a mudar. As pessoas estão resgatando os anos 1960, 1970 e 1980.
NOVOS BAIANOS
O [Luiz] Galvão ficou dodói [ele tem diabetes] e recebemos um convite para inaugurar a Concha [Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, em 2016]. Decidimos juntar e foi legal porque todo o mundo ia fazer uma grana e o Galvão ia conseguir fazer os tratamentos. E não conseguimos mais parar. No começo do ano, vai sair meu CD de inéditas e, até o final, um documentário sobre a minha vida. Também quero escrever um livro chamado ‘Não Vai Ter Bunda-Mole no Céu’. Só casca grossa [risos]. Os Novos Baianos têm o projeto de um CD inédito para 2020. Eu pedi que a gente morasse ao menos um mês juntos. No mesmo sítio [em Jacarepaguá, onde viveram na década de 1970], não dá porque vendeu pra não sei quem. Não tenho nenhum arrependimento. Quando a gente começou, falavam que era uma comunidade hippie e uma baita bagunça, mas a gente era uma família. Isso nunca me ofendeu porque eu sempre achei que a gente era bem à frente daquelas pessoas. Eu compreendi que eu não era para aquele tempo.1
DROGAS
A droga detona o ser humano, e a minha geração caiu de cabeça na maconha. Quem poderia imaginar que aquela planta ia deixar as pessoas com menos neurônios? Eu já vi várias pessoas ‘esquizofrenizarem’ e não voltarem nunca. É perigoso? É delicado? É. Você pode dançar? Pode. Vários amigos dançaram… A legalização, por um lado, tem importância. A informação da droga precisa ser mais inteligente, sábia, para que a gente possa construir um novo paradigma e as pessoas consigam sair dessa história de uma maneira saudável.
ALÔ
Eu sou toda espiritual. Não tem nada de religiosa aqui, viu? É importante explicar. É uma conexão direta com o Criador —essa sempre foi a minha busca. Eu quero falar com Deus direto, não quero balconista. Quero gritar ‘Alô, Pai’ e ouvir o que ele responde.
COSMOCRACIA
Estamos em um momento extremamente delicado, em que falta amor. O ‘paz e amor, bicho’ tem que voltar correndo. Temos que ser cosmocratas, que é cada um fazer o melhor possível em prol do outro, porque o todo é um. Quando explodir, explode pra todos.
DEMOCRACIA
Eu temi muito que a democracia pudesse acabar [com a eleição de Jair Bolsonaro]. Mas hoje eu tenho certeza, no meu coração, que ela não acaba. Quando vi que o presidente [Bolsonaro] levou aquela facada, eu falei ‘Meu Deus’. Mas pensei: ‘Ele vai ter um encontro com Deus muito forte’. E vi que aconteceu algo dentro daquele homem. Eu tenho confiança de que ele teme a Deus e que vai tomar decisões primeiro falando com Ele. Bendita daquela maldita facada! Hoje, ele pra mim é um homem de Deus, com todos os erros que ele pode ter. Não me identifico totalmente com partidos, mas sim com soluções. [No primeiro turno, votou na Marina Silva (Rede); ela não votou no segundo turno.] Eu amaria ser presidente da República um dia, mas eu jamais seria [risos]. É tanto veneno pra tanto lado que eu não conseguiria viver no meio.
RELACIONAMENTOS
Nunca busco um relacionamento. Me perguntam se eu não quero casar. Nem me lembro disso! Tenho que aprender guitarra, mais de Deus, escrever um livro. Eu quero tudo! Quando eu poderia imaginar que iria namorar o [ex-jogador Walter] Casagrande? Ficamos muito amigos e teve uma hora que começamos a ter saudades um do outro. Foi muito legal. Mas a gente percebeu que as nossas agendas não batiam de jeito nenhum. Foi uma decisão um pouco difícil pra mim, porque eu estava bastante envolvida no relacionamento.
EM NOME DE JESUS
Olha, vou falar pra você. Eu não aceito dar esse tipo de entrevista nunca, porque todas as vezes dá problema. Eu já declaro em nome de Jesus que está cancelado e anulado todo tipo de ataque contra a minha vida nessa entrevista. E eu vou declarar: se isso acontecer, é diarreia em todo o mundo [risos]. Meu Deus, não por maldição. Mas para lembrar que Deus é todo-poderoso.
Et Urbs Magna via Folha de São Paulo
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MALUCA CHAPADA SÓ PODE GOSTAR DO COISO!!